Rosane de Oliveira
Foi para ganhar tempo e convencer os aliados da necessidade de aprovar o aumento do ICMS que o governador José Ivo Sartori deixou a apresentação do tarifaço para terça ou quarta-feira da semana que vem. Até lá, o Piratini acredita que conseguirá reduzir a resistência dos deputados que juraram votar contra qualquer aumento de imposto. Até agora, só o PMDB está 100% fechado com o governo.
Nas reuniões com os aliados, os secretários usam o mesmo argumento apresentado a dirigentes de entidades empresariais: sem aumentar impostos, o Estado não terá como pagar os salários em 2016 e os serviços públicos entrarão em colapso lá por março ou abril. Discurso semelhante vem sendo usado nas conversas com representantes do Judiciário, do Ministério Público e do Tribunal de Contas. Até aqui, os empresários não se comoveram e têm percorrido os gabinetes da Assembleia em campanha contra o aumento de tributos.
Mesmo correndo o risco de perder na votação em plenário, o governo decidiu que mandará o projeto de qualquer forma, enterrando o discurso de campanha, quando Sartori repetia que só proporia aumento de impostos se a sociedade pedisse.
Sartori obtém apoio do PMDB para aumento de imposto
O consenso na cúpula do governo é de que o apoio poderá ser conquistado ao longo dos 30 dias de tramitação da proposta. O bloqueio das contas do Estado, para pagamento da dívida com a União, e a resposta negativa do governo federal ao pedido de ajuda do governador serão usados como provas de que a solução para a crise das finanças terá de ser encontrada dentro do Estado.
Para quebrar a resistência dos empresários, o Piratini prepara outros projetos que mostrem disposição para reduzir a máquina pública, considerada pesada e ineficiente.
Caio Cigana: empresários contestam eficácia de ICMS maior
Se há consenso no governo em relação à necessidade do tarifaço, o mesmo não se pode dizer do prazo para votação do projeto que amplia o limite de saque dos depósitos judiciais e que poderá ser apresentado tanto pelo Executivo quanto pelo Judiciário.
Uma ala do governo teme que, se aprovar antes a ampliação do uso dos depósitos, a Assembleia rejeite o aumento do ICMS, achando que o problema estará resolvido. Outra ala sustenta que é possível aprovar o projeto dos depósitos ainda em agosto, para injetar R$ 1 bilhão no caixa e assim evitar o atraso nos salários deste mês. Neste caso, o governo tentará provar aos aliados que os depósitos representam um paliativo e pedirá que se comprometam a aumentar o ICMS, garantindo um adicional de pelo menos R$ 2 bilhões por ano aos cofres do Estado.
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