
O presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PSD-BA), convocou para a próxima terça-feira, às 9h30min, uma reunião do colegiado para apresentação e votação do relatório do deputado Marcos Rogério, que assumiu nesta quinta-feira a relatoria do processo contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Logo no início da reunião, houve uma briga entre os deputados Wellington Roberto (PR-PB), aliado de Cunha, e José Geraldo (PT-PA). A discussão começou porque Wellington achou que seria votado um requerimento para dar prosseguimento ao processo contra o presidente da Câmara.
O deputado José Geraldo acusou o colega Wellington Roberto, da "turma do Cunha", de estar tumultuando e atrapalhando o andamento do processo no Conselho de Ética. Começou então um bate-boca e os dois parlamentares tiveram de ser contidos por agentes da Polícia Legislativa da Câmara.
Após o restabelecimento da ordem, o presidente da Comissão, deputado José Carlos Araújo, classificou a briga de "espetáculo deprimente, que envergonha a Casa e o Conselho de Ética".
- Esse conselho deve ser o local da ética, do zelo e do respeito entre os seus pares, da conversa e do diálogo. Jamais isso poderá ser transformado em um ringue - disse Araújo.
Para garantir que a apreciação do relatório não seja atrapalhada por manobras de aliados do presidente da Câmara, Araújo já convocou reuniões do Conselho também para a tarde de terça-feira e para quarta-feira, manhã e tarde.
Relatoria
A sessão desta quinta foi marcada por várias manifestações de apoio ao ex-relator do colegiado Fausto Pinato (PRB-SP), substituído pelo deputado Marcos Rogério. O presidente do Conselho ressaltou que, apesar de ter cumprido a ordem da primeira vice-presidência da Casa de afastar Pinato, vai recorrer da decisão.
Araújo disse que, antes da escolha do relator, foi orientado pela Secretaria-Geral da Mesa (SGM) de que, no momento do sorteio para escolha do relator, o bloco político que estaria valendo seria o bloco atual, e não o arranjo político do início da legislatura.
Pelo regimento, parlamentares do mesmo bloco ou Estado do representado não podem ocupar o cargo. Atualmente o partido de Pinato, o PRB, não faz parte do bloco do PMDB, mas, no início da legislatura, Pinato compunha o bloco de Cunha.
- A SGM disse que o bloco a ser seguido era o novo bloco. Foi a informação que tivemos à época. Se fomos induzidos ao erro, paciência - esclareceu Araújo.
O líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), considerou a informação dada pela Secretaria-Geral da Mesa gravíssima.
- Se o vice-presidente tomou uma decisão contrária ao entendimento existente, é uma informação muito grave - criticou.
Pinato agradeceu pelo apoio que recebeu de parlamentares governistas e oposicionistas e disse que pessoalmente não vai "mover uma palha" para voltar à relatoria.
- Eu acredito na maioria desse Parlamento. A decisão foi feita monocraticamente e não pela Casa. Não vou mover uma palha, confio nessa presidência e confio na grande maioria dos parlamentares que representam o nosso país. Caso façam algum recurso para eu voltar e eu não volte, quero dizer da confiança (que tenho) no novo relator. Podem me tirar a relatoria, mas continuo sendo segundo vice-presidente desse Conselho de Ética - disse o ex-relator do caso.