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Depois de escapar pela sexta vez da votação de admissibilidade de um processo por quebra de decoro parlamentar contra si, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fez críticas ríspidas contra os adversários políticos.
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Cunha disse que todas as decisões estão amparadas pelo regimento da Casa, inclusive a proferida pelo vice-presidente Waldir Maranhão (PP-MA), que, no meio da sessão desta quarta-feira, declarou o relator Fausto Pinato (PRB-SP) impedido de exercer a função. Isso favoreceu Cunha, determinando a troca de relator e a suspensão da sessão.
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- O problema é que o presidente resolveu seguir um regimento próprio. Golpe é o que estavam fazendo ao descumprir o regimento. O recurso vai para o presidente da Câmara, eu me declarei impedido. Então, a decisão é do vice-presidente - defendeu-se Cunha, comentando a declaração de José Carlos Araújo (PSD-BA), que classificou de "golpe" as manobras dos aliados do presidente da Câmara para procrastinar as votações.
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O peemedebista ainda atacou os petistas, seus principais adversários.
- Golpe é quebrar urnas para evitar votação. Golpe é tentar agredir parlamentar para evitar votação. (...) As pessoas falam, fazem discurso de que querem cassar uma presidente legitimamente eleita. Eu sou um deputado legitimamente eleito pelo voto popular. Também estão querendo me cassar de uma forma que desrespeita o regimento - afirmou o presidente da Câmara.
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Cunha ainda defendeu a votação secreta e a disputa entre chapas para a escolha dos integrantes da comissão de impeachment de Dilma Rousseff. Ele disse que, até o Supremo Tribunal Federal se manifestar sobre o caso - o ministro Edson Fachin determinou liminarmente a paralisação dos trabalhos até manifestação da Corte -, a tendência é de que nada seja votado na Câmara.
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Sobre a representação da Rede e do PSOL, que foram à Procuradoria-Geral da República pedir o afastamento cautelar do peemedebista da presidência da Casa, ele afirmou que não faria comentários.
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Cunha virou alvo de representação na Comissão de Ética por ter mentido na CPI da Petrobras. Na ocasião, ele disse que não tinha contas no exterior. Mais recentemente, investigações de operação Lava-Jato indicaram que ele tem contas na Suíça, as quais teriam dinheiro proveniente de desvios na Petrobras.