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Dirigentes do PT e de movimentos ligados ao partido avaliaram que os atos deste domingo deixaram dois recados. O primeiro é quanto à urgência de uma reação imediata do Palácio do Planalto na economia. O segundo, dizem, refere-se à necessidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrar para o governo.
Lideranças petistas também viram com preocupação as hostilidades de manifestantes que foram à Avenida Paulista contra políticos da oposição, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP).
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Para os petistas, as vaias mostram que o movimento contra o governo da presidente Dilma Rousseff tem como alvo toda a classe política, não apenas o PT, criando um vácuo que pode ser ocupado por aventureiros ou levar à volta do autoritarismo.
Por outro lado, o partido reconhece a importância e o tamanho dos atos de domingo e espera que isso sirva de incentivo para que o governo mude os rumos da política econômica.
– Me preocupou que a oposição que fomentou esse ato tenha sido hostilizada em plena Avenida Paulista. Os manifestantes chamaram o governador Alckmin de ladrão de merenda, o Aécio de corrupto e se dirigiram à senadora Marta com palavras de baixo calão, obrigando até a sair debaixo de segurança. Isso me preocupa porque em 1964 os golpistas que apoiaram os militares, esperando que com a deposição do Jango (João Goulart, ex-presidente) debaixo pudessem assumir o poder, foram igualmente afastados e depois tivemos 21 anos de uma ditadura sanguinária – analisou o presidente nacional do PT, Rui Falcão.
Saldo
Para Jorge Coelho, um dos vice-presidentes do partido, as hostilidades contra a oposição são um perigo.
– O fato mais importante é o repúdio à classe política. Isso mostra que os políticos estão devendo à sociedade. Foi um ato importante, mas que não tinha proposta além do impeachment da presidente Dilma. É uma manifestação só contra, sem propostas. Esse é o maior perigo que pode haver na sociedade – afirmou.
Segundo o secretário de Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha, a manifestação de domingo deixou uma mensagem também para a oposição.
– Hoje o PSDB sentiu na pele o que está sendo gestado – afirmou.
Integrante da coordenação nacional do Movimento dos Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues afirmou ter percebido uma presença maior da população de baixa renda nas ações pelo país.
– Foi um ato mais nacionalizado, não restrito apenas a São Paulo. Houve uma participação maior de uma população típica da classe que nos apoia. ê um setor que também vaia a oposição. E os motivos para isso são dois: emprego e inflação – declarou.
Segundo o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP), uma guinada na economia se tornou o único caminho para o governo Dilma escapar do impeachment.
– O governo vai ter que fazer (mudanças). Não tem outro caminho. O risco de isolamento no Congresso existe. Por isso, o governo precisa agir – ressaltou.
Indagado sobre a necessidade de Lula assumir o Ministério, ele respondeu:
– Para o Ministério, não, para o governo".
Veja imagens das manifestações:
Vigília
No início da noite de domingo, dirigentes e parlamentares do PT se reuniram na sede do diretório estadual do partido em São Paulo para avaliar as manifestações.
– Estão tentando acelerar o processo de impeachment – avaliou o secretário de Organização, Florisvaldo Sousa.
Na porta do Instituto Lula, 10 militantes petistas fazem uma vigília desde sexta-feira. Na madrugada de domingo, um grupo de aproximadamente 15 antipetistas tentou pichar a sede do instituto, mas foram impedidos pelos militantes.
Já em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Lula passou o domingo em sua casa. Na parte da manhã, a rua em frente ao prédio onde mora foi interditada pela polícia. Um grupo de cerca de 500 militantes se concentrou no local em apoio ao ex-presidente.
A maioria exibia cartazes com os dizeres "Abaixo o antilulismo da Polícia Federal e do Ministério Público", "Lula, você não está só". Os militantes se recusaram a falar com a imprensa.