
Em meio a uma das maiores crises institucionais e políticas das últimas décadas, a presidente Dilma Rousseff fez um pronunciamento na final da tarde desta sexta-feira para se defender das acusações contidas na delação premiada do senador Delcídio Amaral. Ex-líder do seu governo, ele a implicou em suposta tentativa de interferir na operação Lava-Jato. Dilma também teria, segundo o parlamentar, conhecimento dos ilícitos que envolveram a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras.
O foco de Dilma foi a sua própria defesa, diante das acusações de Delcídio, que a deixaram ainda mais enfraquecida, ressuscitando a esperança da oposição no sucesso do processo de impeachment. Mas, no início da manifestação, ela também saiu em defesa do ex-presidente Lula, conduzido coercitivamente nesta sexta-feira pela Polícia Federal para prestar depoimento devido às suspeitas de ter recebido vantagens ilegais de empreiteiras investigadas. A avaliação é de que a presidente busca se reaproximar do PT no momento delicado.
Dilma negou que o encontro com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, em Portugal, tenha servido para a discussão de um suposto plano para a soltura de empresários detidos pela Lava-Jato. Negou que tenha nomeado para o Superior Tribunal de Justiça o ministro Marcelo Navarro com o mesmo fim.
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– Jamais falei com o senador (Delcídio) a esse respeito. Aliás, do ponto de vista institucional, não teria nenhuma razão de pedir a um senador para conversar com juiz – disse Dilma.
Ela disse que o encontro com Lewandowski em Portugal foi marcado apenas por discussão sobre um projeto de lei de reajuste dos servidores do Judiciário.
Dilma ainda negou influência para encerrar a CPI dos Bingos e financiar sua campanha em 2010. Em sua defesa, alegou que a comissão atuou entre 2005 e 2006, antes da eleição. Sobre Pasadena, afirmou que o caso já havia sido arquivado pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot.
– Acredito que seja lamentável que ocorra o vazamento de uma hipotética delação premiada que, se chegou a ser feita, teve como único motivo a tentativa de atingir a minha pessoa e o meu governo. Provavelmente pelo desejo de vingança. Pelo imoral e mesquinho desejo de vingança e de retaliação – disse Dilma sobre Delcídio, seu antigo líder do Senado e que tinha trânsito livre no Palácio do Planalto.
No pronunciamento, Dilma esteve cercada por ministros, com quem está reunida ao longo de toda esta sexta-feira. Entre eles, estavam Jaques Wagner, José Eduardo Cardozo, Edinho Silva, Wellington César, Tereza Campello, Patrus Ananias, Juca Ferreira, Mauro Vieira, Nilma Lino Gomes, entre outros.