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Aos gritos de "fora Temer" e "golpista", manifestantes descontentes com os rumos da política nacional se reuniram na tarde deste domingo, no Parque da Redenção, em Porto Alegre, para protestar contra o governo interino. Alguns participantes carregavam cartazes com imagens de Dilma Rousseff, pedindo seu retorno, mas os discursos no carro de som praticamente não tocaram no nome da presidente afastada, que passou o fim de semana na Capital e não compareceu ao ato.
Organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, o protesto teve como principal objetivo repudiar possíveis mudanças na Previdência Social, com alterações nas regras de aposentadoria, nas leis trabalhistas e no Sistema Único de Saúde (SUS).
Ao microfone, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores (CUT) no Estado, Claudir Nespolo, pediu o apoio da população, argumentando que muita gente vestiu a "camiseta da seleção brasileira para defender o golpe" sem saber o que viria pela frente e "se arrependeu".
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– Está começando a cair a ficha. As pessoas já entenderam que o golpe não foi contra a corrupção coisa nenhuma. Foi contra elas mesmas. Esse governo fala todo santo dia que quer acabar com direitos dos trabalhadores, mas nós não vamos deixar – afirmou Nespolo.
A manifestação começou no início da tarde e se estendeu até as 17h30min, ocupando a área em frente ao Monumento ao Expedicionário, diante de olhares curiosos. Contou com a adesão de integrantes de vários coletivos, entre eles o Fora da Ordem.
– Estamos denunciando o golpe e esse governo, que está querendo privatizar a educação e a saúde – resumiu a estudante universitária Luisa Abbott, 19 anos.
Conforme os organizadores, estiveram presentes cerca de 4 mil pessoas, incluindo políticos e militantes de partidos de esquerda, membros de movimentos sociais e sindicatos e gente que curtia o domingo de sol no parque e resolveu aderir à causa. A Brigada Militar não fez nenhum tipo de estimativa. Quase não se viu PMs no local.
Dessa vez, o tradicional "coxinhaço" ficou de fora. Em eventos anteriores, manifestantes assavam coxas de galinha para ironizar antipetistas defensores do impeachment, que chamam de "coxinhas".
Também não houve nenhum tipo de caminhada. A movimentação chegou a ser cogitada ao final do ato, mas a ideia não prosperou. A manifestação terminou sem o registro de incidentes graves, exceto por uma criança que se perdeu dos pais, mas logo foi encontrada.