Desde o modesto começo há 79 anos, o gigante sul-coreano Samsung teve uma existência agitada. Tanto o pai fundador do conglomerado, como o filho e o neto estiveram envolvidos com a Justiça. Nesta sexta-feira (25), o herdeiro da empresa, Lee Jae-Yong, foi condenado por um tribunal de Seul a cinco anos de prisão por suborno, desvio de fundos, fuga de capitais e perjúrio.
A Samsung, que significa "três estrelas" em coreano, é atualmente um império tentacular que pesa 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A empresa domina a vida econômica até tal ponto que os sul-coreanos fazem piada com a "República da Samsung".
Isso não impediu que três gerações de dirigentes tenham sido acusados de diversos delitos, como evasão de divisas e corrupção.
Leia mais
Herdeiro da Samsung é condenado a cinco anos de prisão
Ex-presidente sul-coreana Park Geun-hye é presa por corrupção
Presidente da Coreia do Sul sofre impeachment
O escândalo mais recente, no contexto de um grande escândalo de corrupção e tráfico de influência, resultou no impeachment da presidente Park Geun-hye, em março.
Vice-presidente da Samsung Electronics, maior fabricante de smartphones do mundo, o herdeiro da empresa foi preso sob a acusação de ter pago quase US$ 40 milhões em subornos à pessoa de confiança de Park, em troca de serviços prestados.
História
Foi em 1938 que Lee Byng-chull, filho de um grande terra-tenente do condado de Uiryeong, no sudeste do país, abriu um modesto negócio em Daegu, a cidade mais próxima.
Com os negócios no auge, o patriarca se instalou em Seul. Depois da segunda guerra da Coreia (1950-1953), a Samsung se diversificou: fertilizantes, têxteis, distribuição, seguros e, nos anos 60, eletrônica.
Contrabando
Lee Byung-chull rapidamente se envolveu em escândalos. Em 1966, o departamento de fertilizantes da Samsung foi flagrado deixando entrar como contrabando na Coreia do Sul adoçantes artificiais procedentes do Japão. O patriarca foi acusado de querer revendê-los com lucros, sem pagar impostos alfandegários, enquanto subornava autoridades.
Ele evitou a prisão em troca da nacionalização do departamento de fertilizantes, mas seu segundo filho teve que passar seis meses atrás das grades.
Com o primogênito caindo em desgraça, é seu terceiro filho, Lee Kum-hee, que herda o império, embora também enfrente problemas com os tribunais.
Em 1996, Lee Kun-hee foi reconhecido culpado por ter subornado o presidente Roh Tae-woo. Ele foi condenado à prisão condicional antes de ser indultado.
Em meados 2005, teve que prestar depoimento ao Ministério Público, pelas gravações de áudio vazados à imprensa, nas quais era possível escutá-lo discutindo sobre técnicas de corrupção de políticos e magistrados.
A Samsung teve que pedir desculpas publicamente antes de doar 800 bilhões de wons (660 milhões de euros) a obras beneficentes.
Em 2007, Kun-hee foi condenado por evasão fiscal, após revelações de um ex-advogado da Samsung sobre uma caixa-preta secreta com milhões de dólares.
No final do ano 2000, seu filho, Jae-yong, foi suspeito de estar envolvido em um caso em que a filial do grupo teria emitido ações a preços baixos para que assumisse o controle. O caso, no entanto, não avançou.
Seu pai foi culpado de evasão fiscal, entre outros delitos. Em 2008, Kun-hee demitiu-se da direção do "chaebol", como são conhecidos os conglomerados na Coreia do Sul, prometendo reformas e transparência. Ele foi condenado à prisão antes de ser indultado, de novo.
Leia mais notícias de Mundo