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A crise da superlotação dos presídios no Estado agrava cada vez mais a situação dos presos em delegacias de Porto Alegre. Na manhã desta sexta-feira, a Polícia Civil contabiliza 43 presos nas celas das duas Delegacias de Pronto-Atendimento (DPPAs) e do Departamento de Investigações Criminais (Deic) – alguns deles, já completam uma semana nessa condição.
Além disso, uma situação que parecia ser exceção dentro do caos, se repete: cinco presos autuados em flagrante entre a madrugada e o começo da manhã permanecem sob custódia da Brigada Militar em quatro viaturas estacionadas em frente à 3ª DPPA, na Zona Norte.
Entre a noite de quarta e a de quinta-feira, outros quatro detidos foram submetidos a esta condição. Um deles foi encaminhado ao Presídio Central ainda na tarde de quinta. Os demais acabaram alocados entre as DPPAs e o presídio durante a noite.
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– Não temos mais como colocar presos nas celas nas atuais condições. Mantê-los em viaturas foi uma medida extrema, mas a única viável enquanto não surgem vagas – afirma o delegados responsável pelas DPPAs, Marco Antônio Souza.
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Na última noite, por exemplo, um dos 19 presos que permanecem na carceragem do Palácio da Polícia (2ª DPPA) avisou:
– Se entrar mais alguém aqui, vamos espancar.
Uma ocorrência policial foi registrada relatando o episódio. Na 3ª DPPA, que fica na zona norte da Capital, estão mais 10 presos. E nas celas do Deic, outros 14.
– Essas celas não são preparadas para a permanência de presos, não têm a mínima condição. O banheiro é improvisado, não há onde o preso descansar ou qualquer adaptação como haveria em uma cela de presídio. São meramente para contenção – explica o delegado.
Como se não bastasse o risco de manter presos em delegacias, e agora em viaturas, a Polícia Civil ainda contabiliza os prejuízos desta guarda prolongada dos presos.
– Nossas equipes volantes que poderiam estar evitando e apurando crimes nas ruas estão de prontidão nas carceragens. O mesmo acontece com o grupo tático do GOE – aponta Marco Souza.
No final da manhã desta sexta a Susepe se manifestará sobre o assunto em uma entrevista coletiva na sede da Secretaria da Segurança Pública.