Segurança

Violência

Em quatro horas, sete pessoas são assassinadas em Porto Alegre

Crimes ocorreram nos bairros Moinhos de Vento, Partenon, Sarandi, Passo das Pedras e Santa Tereza

Schirlei Alves

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Primeiro crime da noite ocorreu no bairro Sarandi e vitimou Miguel Valdecir da Cruz, 47 anos

Seis locais de crime para a polícia atender. Sete pessoas mortas. Cinco bairros diferentes. Tudo num período de quatro horas na noite de segunda-feira, na Capital. Embora a violência não escolha lugar e horário, presenciar um crime na porta de casa ainda assusta e surpreende moradores pela primeira vez.

As mortes violentas em Porto Alegre já registram aumento de 3,2% nos primeiros 44 dias de 2017 se comparado ao mesmo período do ano passado (de 124 para 128). O pano de fundo na maior parte dos casos é a disputa pelo tráfico de drogas. Porém, o delegado Cassiano Cabral, da 3ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), lembra que o motivo para tirar a vida de alguém tem sido cada vez mais banal. Esta é a avaliação dele ao falar do primeiro homicídio da noite. O crime foi no bairro Sarandi e vitimou Miguel Valdecir da Cruz, 47 anos (veja mais detalhes em mapa abaixo). Ele tinha passagens policiais, mas nenhum envolvimento recente com a criminalidade.

– Pode até ser alguma dívida de tráfico, mas também pode ser um acerto de contas por outro motivo, até mesmo passional. Hoje, estão matando por pouca coisa – avaliou o delegado.

A luz do dia ainda iluminava a Rua Derik Oscar Ely, na Zona Norte, quando Cruz passou por uma moradora carregando sacos de pão. Ele foi assassinado a tiros por dois homens em uma motocicleta. Foi a primeira vez que uma moradora viu um crime tão perto de casa.

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– A gente ouvia uns tiros bem longe daqui. Mas assim, na porta de casa, foi a primeira vez. Os vizinhos até se jogaram no chão – contou a mulher que não quis ser identificada.

Cerca de 20 minutos depois, um casal foi assassinado na rua Deputado Hugo Mardini, no bairro Passo das Pedras. A mulher morreu no local, o homem chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos no hospital. O crime foi perto de um condomínio fechado e ao lado de um matagal. A motivação ainda é investigada pela polícia.

Adolescente morto a tiros no Moinhos de Vento

Às 21h39min, a polícia recebeu novo chamado. Desta vez, um homem foi assassinado dentro de um Ka roubado na Travessa Kuluene, no bairro Partenon. A vítima foi encontrada com cinco perfurações de tiros no banco de trás do carro. Vinte minutos depois, Ricardo Monteiro Pereira, 38, foi assassinado a poucos metros dali, na Rua Pedro Velho. Segundo a polícia, Pereira tinha passagens por roubo, furto, tráfico e era conhecido por ser usuário de drogas. Conforme o delegado Rodrigo Reis, da 1ª DHPP, ainda não é possível afirmar se os dois casos têm relação.

Um minuto se passou e foi a vez do bairro Moinhos de Vento. Gilson Oliveira da Luz, 17 anos, foi assassinado em uma praça no final da rua Marquês do Herval, numa zona nobre da cidade. A praça é cercada de verde e condomínios. Um morador do bairro que não quis se identificar relatou que, embora não pareça, a praça é referência de compra e venda de drogas.

– Tem filho de bacana que mora aqui no bairro e vem comprar na praça também. Se tem quem vende, tem quem compre – denunciou.

O último episódio de violência em quatro horas foi registrado à meia-noite na Rua Antônio Odil Peixoto, no bairro Santa Tereza, na Zona Sul. Uma família tomava banho na piscina na garagem, quando foi surpreendida por 18 disparos na frente de casa. A dona da casa, o irmão, os filhos e uma vizinha se abraçaram e ficaram estáticos em um canto da piscina. Uma bala perdida chegou a quebrar o vidro do portão. O alvo era Lucas Lopes Simão que estava na rua. A vítima não era conhecida dos moradores.

Isso nunca tinha acontecido aqui na porta da minha casa. Rezamos para não morrer – contou a moradora.

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