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Nos próximos dias, a 6ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre (DHPP) pretende ouvir os cinco policiais militares envolvidos no confronto que resultou nas mortes de quatro criminosos dentro de uma casa no Beco 12 da Rua Orfanotrófio, região da Vila Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre, no começo da noite de quinta-feira (10). As armas de todos eles foram recolhidas e um inquérito policial militar também foi aberto no 1º Batalhão da Brigada Militar.
– Pelo relatório, a ação se deu dentro da técnica adequada, mas só a investigação criteriosa e independente poderá individualizar as ações de cada policial nesse confronto. Vamos aguardar as investigações, mas pelo que acompanhei, foi sorte não termos nenhum policial ferido nessa ação – aponta o comandante do policiamento da Capital, coronel Jefferson Jacques.
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Conforme o levantamento da editoria de Segurança dos jornais Diário Gaúcho e Zero Hora, desde o começo do ano, 47 pessoas foram mortas por policiais militares na Região Metropolitana. Entre elas, foram 21 vítimas em Porto Alegre. Os números absolutos são inferiores aos 57 casos na região – 19 na Capital – no mesmo período do ano passado. No entanto, o perfil das mortes provocadas por brigadianos mudou.
Neste ano, 80% dos casos foram resultantes de confrontos ou abordagens policiais. Até 11 de agosto de 2016, em torno de 60% dos casos correspondiam a ações policiais.
– Estamos lidando, como neste caso da Vila Cruzeiro, com criminosos ligados a facções criminosas. Eles têm um nível de violência bastante alto. Neste caso, eles haviam confrontado rivais momentos antes. Depois, tentaram repelir a tiros também os policiais. Um deles precisou se jogar no chão e saiu com um corte desta ocorrência – diz o oficial.
Os policiais militares apreenderam cinco armas – dois revólveres e três pistolas – que supostamente eram usadas pelo grupo que foi morto. Outro homem, também armado, foi preso antes do tiroteio.
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A delegada Elisa Souza, que investiga o caso, não adianta detalhes da apuração. Um dos aspectos a serem investigados pela Polícia Civil, e também na investigação aberta pela Brigada Militar, é o socorro a um dos baleados, feito na própria viatura do Pelotão de Operações Especiais (POE) até o HPS. Ele foi a quarta vítima.
– Não há erro, ou descumprimento de orientação, no socorro feito em viatura. É uma decisão que o policiamento precisa tomar em minutos ou segundos. Quando não há garantia de acesso ao Samu, é possível socorrer. Tudo depende da ocasião, por isso a investigação é essencial – afirma o coronel Jefferson Jacques.
Segundo ele, o policiamento seguirá reforçado na Vila Cruzeiro por tempo indeterminado. Há preocupação com possíveis retaliações, inclusive contra a Brigada Militar.
Mortos por policiais militares*:
2016**
57 casos na Região Metropolitana (63,1% em ações policiais)
29 casos em Porto Alegre (58,6% em ações policiais)
2017**
47 casos na Região Metropolitana (78,7% em ações policiais)
21 casos em Porto Alegre (80,9% em ações policiais)
(*) Levantamento da editoria de Segurança dos jornais Diário Gaúcho e Zero Hora
(**) Entre 1º de janeiro e 11 de agosto