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O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), pediu que o ministro licenciado da Casa Civil, Eliseu Padilha, volte "imediatamente" ao cargo. Afastado por razões médicas, Padilha recebeu alta nesta quarta-feira e deve voltar ao governo na próxima semana.
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Caso contrário, Renan afirma que um aliado do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba, assumirá o posto. O peemedebista se referiu diretamente a Gustavo Rocha, atual subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil. Rocha foi advogado de Cunha e chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Justiça no lugar de Alexandre de Moraes, há cerca de um mês.
Segundo Renan, outros aliados de Cunha no Congresso estão em meio a uma ofensiva para conquistar cargos no governo.
– Depois de avançar sobre o governo, o PMDB de Cunha vai avançar sobre o partido – afirmou.
Renan criticou indicações recentes de Michel Temer para cargos no governo, citando o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), nomeado como ministro da Justiça, o deputado André Moura (PSC-SE) como líder do Congresso e o deputado Aguinaldo Silva (PP-PB), que assumiu a liderança do governo na Câmara. Todos são aliados de Cunha.
– Você imaginaria em uma outra circunstância o Osmar como ministro da Justiça – questionou.
O líder do PMDB no Senado também demonstrou desconforto com a iniciativa de Carlos Marun (PMDB-MS), membro da tropa de choque de Cunha, que preparou uma carta pedindo o afastamento imediato de investigados na Operação Lava-Jato do comando nacional do partido.
O atual presidente da legenda, senador Romero Jucá (PMDB-RR), é alvo de oito inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), dos quais três são da Lava-Jato. Para Renan, a bancada do PMDB na Câmara "sempre teve" Cunha como um líder e agora Marun seria o seu "porta-voz".
– O PMDB não pode ser comandado por Marun e Cunha – reforçou.
Ainda de acordo com Renan, por conta dessa ofensiva haveria uma "briga" entre o grupo do deputado cassado e o PSDB.
– O PMDB tem que negociar as relações entre o PMDB de Eduardo Cunha e o PSDB. E, nessa disputa, eu sou radicalmente PSDB – declarou.
O peemedebista disse ainda que é melhor "um governo formado pelo PSDB do que pelo Eduardo Cunha", destacando que os tucanos são "estratégicos" para o governo.
O parlamentar afirmou que é preciso "compreender os sinais" da política. Ele lembrou ainda decisão do juiz federal Sergio Moro, que negou metade das questões perguntas feitas por Cunha para Temer.
– Moro disse há 20 dias que o presidente Temer estava sendo chantageado. Ele negou as perguntas para defender o presidente das chantagens – declarou.
Renan afirmou que não sabe por que Temer está aceitando aliados de Cunha no governo, mas reforçou que há diversos sinais indicando que o grupo de Cunha está fortalecido.
– Se Temer não compreender dessa forma, é porque não está compreendendo as próprias decisões que o governo está tomando. Se não compreender assim, é porque está equivocado sobre as decisões que tomou – declarou o peemedebista.
Renan falou sobre suas preocupações durante reunião da bancada do PMDB no Senado, em reunião realizada ontem, e recebeu o apoio de aliados. Ele também conversou sobre o assunto hoje com o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).
*Estadão Conteúdo