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Dilma: um erro foi não perceber que a "extrema direita" dominou o "centro democrático"

Ex-presidente também disse temer que seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, seja preso antes da disputa presidencial de 2018

Estadão Conteúdo

Um dos erros da ex-presidente Dilma Rousseff foi não ter percebido que o "centro democrático", que garantiu a governabilidade de todas as administrações desde a redemocratização, havia sido dominado pela "extrema direita corrupta". Esse diagnóstico foi feito pela própria petista em sua palestra, neste sábado, na Brazil Conference at Harvard & MIT.

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O "MDB velho de guerra" sucumbiu à influência de Eduardo Cunha, afirmou Dilma, em referência a seu algoz no processo de impeachment. A petista fez sua apresentação no evento organizado por estudantes brasileiros do MIT e de Harvard poucas horas antes da participação do juiz Sergio Moro na conferência.

A ex-presidente ressaltou que a Operação Lava-Jato só foi possível por mudanças legislativas propostas por seu governo, entre as quais a regulamentação da delação premiada.

A ex-presidente criticou o que considera uso político e ideológico da Lava-Jato e disse ser possível combater a corrupção sem "comprometer o sistema democrático" do País.

– Não é admissível juiz falar fora de processo, em qualquer lugar do mundo. O juiz não pode ser amigo do julgado. Não é possível qualquer forma de violação do direito de defesa.

Lula

Em sua palestra, Dilma disse temer que seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, seja preso antes da disputa presidencial de 2018. A eventual prisão do petista representaria, em sua opinião, uma mudança ilegítima nas regras das eleições.

– Me preocupa muito que prendam o Lula, me preocupa muito que tirem o Lula da parada – afirmou.

– Infelizmente para as oposições, ele tem 38% nas pesquisas, com tudo o que fizeram com ele – disse.

– É uma possibilidade concreta, meus caros. Deixa ele concorrer para ver se ele não ganha – ressaltou a petista na conferência.

– Não acho que o Lula tem de ganhar ou perder. Ele tem de concorrer. Se perder, é da regra do jogo.

Dilma defendeu uma Assembleia Constituinte exclusiva para realização da reforma política. Segundo ela, a fragmentação partidária tornou o Brasil ingovernável e alimentou o fisiologismo.

– Todo mundo quer ter partido para ter Fundo Partidário e tempo de TV. Esse sistema cria mecanismos para que haja fisiologismo e corrupção – afirmou a ex-presidente, que defendeu o financiamento público de campanhas.

Impeachment

Durante sua intervenção de quase uma hora, Dilma sustentou a tese de que seu afastamento foi um golpe praticado com o objetivo de restaurar uma agenda de governo neoliberal que, segundo ela, havia sido abandonada pelos governos petistas.

– Durante quatro eleições consecutivas, nós havíamos derrotado o projeto neoliberal – afirmou.

– Daí a necessidade do impeachment.

Para Dilma, a crise política brasileira só será resolvida com a eleição presidencial de 2018.

– O Brasil sempre melhorou quando houve democracia.

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*Estadão Conteúdo

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