
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que o presidente Michel Temer (PMDB), denunciado na segunda-feira, 26, pela Procuradoria Geral da República (PGR) por corrupção passiva, renuncie e peça a antecipação de eleições presidenciais diretas imediatamente. Para o petista, Temer deve ou não tomar essa decisão a "depender da pressão" da sociedade.
– O ideal seria um processo mais tranquilo e que o próprio Temer pudesse pedir a antecipação das eleições e a gente poderia escolher, antes de outubro de 2018, um novo presidente da República, um novo Congresso Nacional – disse Lula em entrevista à Rádio Itatiaia de Minas Gerais nesta terça-feira, 27.
– Eu defendo as diretas imediatamente – reforçou.
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Com essas declarações, Lula faz coro ao discurso já levantando por outro ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso, que, no último dia 15, divulgou nota defendendo a a saída de Temer e a antecipação de eleições diretas.
Réu em cinco ações penais por corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução de Justiça, Lula afirmou que é preciso investigar o que há contra o presidente para "saber se são verídicas as denúncias".
– O Temer pode cair, mas um processo qualquer que aconteça contra um presidente ou contra qualquer ser humano precisa ser investigado. Se tiver provas concretas, efetivamente o Temer não tem como continuar – afirmou o ex-presidente à rádio.
Lula disse, ainda, que não se arrepende de ter feito aliança com o PMDB enquanto estava na Presidência:
– No momento, era extremamente necessário e eu não tinha bola de cristal para saber que o Temer ia dar golpe na Dilma e ajudar a fazer o impeachment.
Condenação de Palocci
No dia seguinte à condenação do ex-ministro de seu governo, Antonio Palocci, pelo juiz federal Sérgio Moro, Lula falou brevemente sobre a sentença.
– O Palocci foi condenado ontem, não tem nenhuma prova a não ser a delação. Fica palavra contra palavra e a pessoa não pode ser condenada por isso. A delação não pode ser avacalhada – criticou.
Lula aguarda, agora, a sentença de Moro relacionada ao tríplex no Guarujá, mas negou qualquer fato ilícito e voltou a falar que os procuradores da Lava Jato não apresentaram provas que pudessem condená-lo. Segundo o petista, "estamos vivendo quase que um Estado policial", mesma expressão usada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, na semana passada.
– As pessoas não tem que ter prova, as pessoas são grampeadas, as pessoas são ouvidas. Até um presidente da República foi grampeado e gravado da forma mais ilegal possível – disse.
Sem se alongar na crítica, Lula não especificou se falava da gravação entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS, ou se fazia referência à conversa entre ele e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), gravada no ano passado pela Operação Lava Jato e divulgada por Moro.
Eleições 2018
O ex-presidente comentou o levantamento feito pelo instituto Datafolha em que ele aparece em primeiro lugar nas intenções de voto para 2018. Repetiu que, "se for necessário, será candidato" e disse que, neste cenário, "a possibilidade de ganhar as eleições é muito grande".
O petista disse, ainda, que acha que outros nomes da esquerda vão aparecer, sem citar diretamente nenhum presidenciável, e afirmou que o processo de campanha vai fazer com que os candidatos cresçam.