
O coordenador da força-tarefa da operação Lava-Jato no Ministério Público Federal (MPF) apontou o encolhimento das equipes da Polícia Federal (PF) como o principal problema que prejudica os trabalhos de investigação.
Ao programa Timeline, o procurador Deltan Dallagnol ressaltou que os delegados que atuavam exclusivamente na Lava-Jato fazem parte agora de equipes maiores que investigam outros tipos de crimes. Afirmou que houve várias tentativas de atrapalhar a operação e que a "bola da vez" agora é o enfraquecimento da Polícia Federal.
– A Lava-Jato se transformou, para quem trabalha nela, em um trem fantasma. Sabe aquele brinquedo que você entra e em cada esquina é um susto? – comparou Dallagnol, referindo-se a manobras para impedir que as ações sigam.
Leia mais
Corregedoria do MP apura cobrança por palestras de Deltan Dallagnol
Deltan Dallagnol faz palestra em Porto Alegre nesta terça-feira
Religioso, surfista e chefe da Lava-Jato: quem é Deltan Dallagnol
Ele citou, ainda, um exemplo: das seis últimas operações da Lava-Jato, apenas uma partiu da Polícia Federal. As restantes foram do Ministério Público Federal. O procurador rebateu também o argumento de que as prisões ocorreriam para pressionar delações. Segundo ele, 80% dos acordos vieram de pessoas que não estavam presas. E defendeu ainda o combate à impunidade:
– Estatisticamente, 97 em cada 100 casos de corrupção comprovada acabam em absoluta impunidade.
O procurador defendeu o uso do polêmico PowerPoint que trazia o ex-presidente Lula no centro de um esquema de corrupção. Disse que a ideia foi mostrar de forma didática o esquema, e que faria de novo. Dallagnol também negou que a frase "não temos provas, temos convicções" tenha sido dita por algum dos procuradores do MPF.