
A disputa no ninho do PSDB paulista ganhou tom conciliador nesta segunda-feira (11), quando os presidenciáveis Geraldo Alckmin e João Doria dividiram a mesa com a principal liderança do partido, Fernando Henrique Cardoso. Em reunião-almoço promovida pelo Lide, associação que reúne 1,7 mil empresas – responsáveis por 52% do PIB nacional – criada pelo prefeito paulistano, o ex-presidente defendeu que os dois líderes serão capazes de se unir.
Diante de um auditório lotado, em um luxuoso hotel da capital paulista, FHC sentou-se entre prefeito e governador. Com bom humor, arrancou risos da plateia ao se referir indiretamente à briga na sigla decorrente da ambição compartilhada por Alckmin e Doria – ambos querem se candidatar à Presidência em 2018.
– Nem sei onde me sentar. Estou no meio de muitos líderes – disse.
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Estrela do evento, FHC palestrou durante 40 minutos após ouvir breves saudações dos correligionários. O prefeito usou da mulher, Bia Doria, para demonstrar o prestígio do ex-presidente – segundo ele, a artista plástica costuma evitar reuniões políticas, mas bastou saber que o convidado era o tucano que decidiu marcar presença. Já Alckmin incorporou o clima de cordialidade:
– Queria registrar a alegria de estar com João Doria em três dias (praticamente) seguidos. Estou disputando com a Bia – brincou.
Desde 7 de setembro, essa foi a terceira agenda dividida por prefeito e governador. Durante a palestra de FHC, porém, os dois trocaram poucas palavras. Doria posicionou a cadeira lateralmente de costas para Alckmin, que, por sua vez, passou praticamente toda a fala tomando notas.
Depois, FHC concedeu uma coletiva à imprensa. Demonstrou neutralidade e vontade de acalmar os ânimos, contrariando o presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati (CE), que declarou a preferência de Alckmin para 2018.
– O Geraldo está há mais tempo na vida político-eleitoral. Nesse sentido, é o primeiro da fila. Isso quer dizer que tem lugar garantido? Não – afirmou.
O ex-presidente ainda disse que vê a disputa pela candidatura "mais na boca dos outros do que na deles" e se absteve ao declarar preferência entre prévias (como quer Alckmin) ou pesquisa de opinião (conforme defende Doria) para a escolha.
– Se você tiver uma situação na qual não está claro quem tem mais chances, o partido faz prévias. A pesquisa é um indicador, mas não o único. Não é apenas uma avaliação numérica, mas qualitativa também – defendeu.
– Tem de se balancear tudo isso. Melhor nem pensar nessas coisas, é tão complicado – acrescentou, antes de se despedir dos jornalistas.