
Após quatro meses, Lula ficará novamente diante do juiz federal Sergio Moro. Ao invés do caso triplex, desta vez, o ex-presidente terá de explicar uma doação feita pela Odebrecht. O depoimento está marcado para as 14h de quarta-feira (13) na Justiça Federal de Curitiba.
Conforme denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o petista recebeu propina da empreiteira para compra de um terreno destinado a abrigar a sede do Instituto Lula em São Paulo e de um apartamento vizinho ao que o petista reside em São Bernardo do Campo (SP). Em troca, a Odebrecht teria sido beneficiada em contratos com a Petrobras.
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Na primeira vez que o juiz e o ex-presidente ficaram cara a cara, em maio, uma multidão de apoiadores de Lula invadiu Curitiba. Agora, o interrogatório é cercado de expectativa porque ocorre uma semana depois do depoimento de Antonio Palocci. A Moro, Palocci revelou a existência de um "pacto de sangue" supostamente firmado entre Lula e a Odebrecht envolvendo um esquema milionário de propinas.
Publicamente, Lula não se manifestou sobre as revelações de seu ex-ministro. O advogado que o representa, Cristiano Zanin Martins, declarou que Palocci fez "acusações falsas e sem provas" porque está "preso e sob pressão". Já a ex-presidente Dilma afirma que o relato de seu também ex-ministro é "uma ficção".
Este segundo processo dentro do âmbito da Lava-Jato foi aberto em dezembro de 2016, quando Moro recebeu denúncia da força-tarefa da operação e acusou o petista por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. São oito réus ao todo, entre eles o próprio Palocci, o "italiano" das planilhas de propinas da Odebrecht. Até aqui, foram ouvidas 97 testemunhas e cinco dos oito réus.
Lula tentou adiar o interrogatório alegando que não teve acesso a arquivos do departamento de propinas da empreiteira. Moro negou o pedido. A defesa recorreu ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), mas a Corte manteve para esta quarta-feira o novo encontro entre o juiz da Lava-Jato e o ex-presidente.
O primeiro frente a frente durou cinco horas _ um dos interrogatórios mais longos da Lava-Jato. O clima dentro da sala da 13° Vara Federal foi ameno e houve espaço até para brincadeiras. No entanto, o resultado do processo, anunciado em julho por Moro, não foi favorável a Lula. O ex-presidente foi condenado a nove anos e seis meses por ter recebido propina da OAS na forma de um triplex no Guarujá (SP). O ex-presidente segue negando a acusação e está recorrendo em liberdade perante o TRF4.