Gisele Loeblein

Gisele Loeblein

Jornalista formada pela UFRGS, trabalha há 25 anos no Grupo RBS e, desde 2013, assina a coluna Campo e Lavoura, em Zero Hora. Faz também comentários diários na Rádio Gaúcha e na RBS TV.

Carne Fraca

Frigoríficos bovinos reduzem compras de animais no RS

Produtores relatam que empresas estão abatendo apenas o que está programado, reflexo das suspensões anunciadas pelo mercado externo

Gisele Loeblein

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Longe do alvo das investigações da Polícia Federal (PF), os frigoríficos do Estado também estão sentindo os efeitos da Operação Carne Fraca, ainda que de forma indireta. Relatos de pecuaristas indicam que unidades de bovinos pararam de comprar animais. Estariam esperando as definições das suspensões de compra anunciadas por mercados importantes como a China.

– Nas plantas de Bagé e de São Gabriel da Marfrig, a orientação é de que vão abater apenas o que já está agendado, porque a carne que seria exportada está, neste momento, trancada – afirma um produtor rural.

– Só estão com as compras agendadas, até segunda ordem – confirma outro pecuarista.

O frigorífico de Bagé da Marfrig, que tem abate diário de 600 animais, exportaria mais de 50% da produção para os chineses. Se o país asiático de fato suspender as compras, essa carne terá de ser direcionada para o mercado interno. Isso gera efeito cascata em outras empresas, que também seguram as compras do gado. Procurada, a Marfrig não retornou o contato até o fechamento desta edição.

Zilmar Moussalle, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado (Sicadergs), diz que há informações sobre essa redução na aquisição de gado mas, oficialmente, não há confirmação.

Se a suspensão das importações chinesas vier, sindicato de carnes afirma que ritmo dos abates no RS terá de ser diminuído

– Se os embargos ocorrerem de fato, aí, sim, não tem como continuar abatendo no mesmo ritmo, porque não há onde colocar o produto – garante o diretor-executivo.

O pé no freio dos abates estaria restrito aos frigoríficos bovinos. Nas aves, informa José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), as empresas seguem com a atividade normal.

– Estimamos que essa questão da China seja revertida logo – completa Santos.

Mesma situação é verificada entre as indústrias de suínos. O processamento mantém-se dentro do programado.

– Já se tem clareza que o principal mercado, a Rússia, continua normal – explica Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips), que também tem expectativa por um desfecho positivo em relação aos chineses.


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