Na quarta-feira, a Fiesp capitaneou encontro do que se convencionou chamar de "grossas fatias do PIB" para, em resumo, pedir pressa na redução do juro básico, uma das escassas ferramentas de indução de crescimento à disposição do governo federal. Nesta quinta-feira, foi dia de sete outras federações industriais, sob comando da Firjan, cobrarem manutenção de alguma forma de política de conteúdo local para petróleo e gás, que deve ser redesenhada na reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) do dia 14.
Além do movimento público e visível do grande empresariado, fermenta insatisfação entre os que tentam manter negócios operando em meio à maior recessão da história do país, como parece estar sacramentado. E um dos focos é a inação em um ponto que não afetaria o ajuste: a burocracia.
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Mesmo economistas simpáticos ao governo não veem espaço para adoção de medidas destinadas a alterar o mal-estar provocado pela estagnação. Rogério Mori, coordenador de pós-graduação da Escola de Economia de São Paulo da FGV, detalha:
– Não consigo enxergar o que pode ser feito, porque o governo não pode abrir mão de receita.
Mori não descarta que seja anunciado um pacote de medidas, ao menos com o objetivo de "tirar pressão" do Ministério da Fazenda, na mira do mercado. Usar bancos públicos para facilitar a renegociação de dívidas de empresas e famílias, afirma Mori, é uma boa ideia, mas não terá impacto rápido na capacidade de crescimento. Para a retomada, pondera, é preciso reativar o consumo. Mori vê o governo Temer como a gestão de Itamar Franco, mas sem chance de emplacar um Plano Real.