Deu o que falar, no mercado, a decisão da Petrobras de reajustar apenas o preço do diesel nas refinarias, em 6,1%. Como a estatal manteve os valores cobrados pela gasolina, incendiou conversas sobre a motivação da decisão e acendeu, de novo, o rastilho da intervenção do governo na política de preços. Quando anunciou sua nova estratégia, a Petrobras parecia ter ligado em definitivo o extintor das chamas que devastaram parte da credibilidade da empresa.
O ruído que se instalou foi o seguinte: o mercado projetava aumento de 5% para o diesel e 8% para a gasolina. O reajuste em mão única despertou dois temores: um é o de volta da mão pesada do governo na gestão da maior estatal do país, outro é o de que a fórmula do reajustes ainda não esteja clara. O que abastece a primeira corrente é o fato de que a gasolina tem peso ao redor de 3,8 pontos percentuais no IPCA, enquanto o diesel é de 0,15 ponto.
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Ou seja, ao elevar mais o preço do diesel do que o previsto e frear o reajuste da gasolina, a Petrobras pode ter sido, ao menos, convencida, a evitar decisões que elevariam preços nesse momento tão delicado para a economia e, em decorrência, tão sensível à popularidade do governo – abalada inclusive por aspectos não econômicos.
A decisão foi tomada seis dias antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que decidirá o tamanho do novo corte na taxa de juro. Há forte pressão para que, desta vez, seja ao menos de 0,5 ponto percentual, e idealmente, chegue a 0,75 ponto.
Nenhum brasileiro fica feliz com aumento da gasolina, mas é bom lembrar que parte da crise que corroeu as finanças da Petrobras, a ponto de a estatal ter de vender ativos, tem origem no congelamento dos preços dos combustíveis. Se a gente não paga na bomba, estoura, de qualquer jeito, na nossa mão.