
A zona sul de Porto Alegre poderá ganhar um novo píer com um terminal para transporte hidroviário de passageiros no bairro Ipanema. O projeto começará a ser debatido entre a Secretaria Municipal de Urbanismo (Smurb) e a população nesta quinta-feira, em uma reunião do Grupo de Trabalho 2, que faz parte da Região de Planejamento 6 (RP6), marcada para as 19h30min no Ipanema Sports (Avenida Coronel Marcos, 2.353).
A ideia do píer integra o projeto Orla Sul, que é um trabalho de planejamento para a região costeira do Guaíba e engloba nove bairros: Lami, Belém Novo, Ponta Grossa, Serraria, Guarujá, Espírito Santo, Ipanema, Tristeza, Pedra Redonda e Vila Assunção. O foco atual é em Ipanema. O plano é um dos estudos do que pode ser feito na área e ainda não passou por discussão técnica dentro da própria Smurb.
- Nesta reunião, ainda não vamos apresentar o projeto, mas sugerir uma data para a apresentação pública dele e iniciar a discussão com a sociedade, ver se esse conceito imaginado procede, se o projeto está adequado. Vou propor uma pauta de trabalho - adianta Marcelo Allet, arquiteto e urbanista da Smurb e coordendador do Grupo de Trabalho da Orla (GT Orla).
O bairro Ipanema foi escolhido, segundo Allet, por concentrar iniciativas da comunidade local e associações comunitárias que criam uma circunstância mais propícia para dar um prosseguimento ao trabalho do GT. Na orla do bairro já existe um trapiche para embarque e desembarque de passageiros de barcos. No entanto, o calado das embarcações é limitado. Além disso, o trapiche costuma sofrer depredações e a ação do tempo é inclemente. Conforme a presidente da Associação do Turismo Náutico do Estado (Atun-RS), Adriane Hilbig, que também é proprietária do barco Cisne Branco, o projeto de um píer com terminal de passageiros parece uma boa ideia.
- Temos 72 quilômetros de orla e tá todo mundo brigando pelo Gasômetro como ponto de embarque e desembarque. A manifestação da comunidade é por algo melhor do que o trapiche que temos no bairro hoje - afirma.
O atual trapiche passa, atualmente, pelo seu quinto conserto, segundo Adriane. A iluminação é um dos maiores atrativos aos ladrões: os equipamentos não duram nem uma noite, aponta Adriane.
Para dar andamento ao projeto do novo píer, primeiro é necessário identificar os pontos passíveis de receber a estrutura na orla dos bairros Tristeza, Ipanema, Espírito Santo e Serraria.
- O conceito é que sejam estações multifuncionais, que possam vir a receber estações do transporte hidroviário, mas que atendam também ao turismo náutico, aos esportes aquáticos e, evidentemente, ao lazer e à recreação da população. Existe um conceito e um estudo preliminar de arquitetura, que eu elaborei.
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Há um grupo de trabalho dentro da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) que estuda um plano de transporte hidroviário de passageiros, do qual Allet faz parte. A equipe elabora um levantamento de vários pontos na orla onde possa haver terminais hidroviários para se pegar os barcos, que podem ir de uma cidade a outra ou mesmo entre bairros de Porto Alegre.
Atualmente, Ipanema conta com um pequeno trapiche para acesso a barcos
Foto: Bruno Alencastro

Para exemplificar o que é uma estação hidroviária, o arquiteto e urbanista cita a Estação Charitas, em Niterói, do arquiteto Oscar Niemeyer, utilizado pelas barcas que fazem o trajeto Rio-Niterói. Ele não citou as estações do catamarã, que fazem a linha hidroviária entre Porto Alegre e Guaíba, como comparação. Atualmente, a estação junto ao BarraShoppingSul ainda aguarda liberação para começar a funcionar.
- É claro que eu não sou Oscar Niemeyer, nem Porto Alegre, Niterói. Não vai ser uma coisa excepcional, mas o pessoal que viu o projeto gostou. Teria sala de embarque, bilheteria, tudo isso.
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Segundo o arquiteto, é provável que o novo trapiche terá a estação hidroviária. A idéia é que sejam construídos outros trapiches, com função mais turística e recreativa.
Também está prevista a sistematização de todas as iniciativas demandadas pela população dos bairros da região para incorporá-las ao projeto Orla Sul, "para ter sinergia, e não fazer vários esforços dispersos", de acordo com o coordenador do GT Orla. Interessados podem entrar em contato e tirar dúvidas pelo e-mail allet@smurb.prefpoa.com.br
Ainda não está definido o modelo de gestão a ser adotado. Pode ser por linhas de financiamento do BNDES, Mercocidades (banco de fomento do Mercosul para desenvolver áreas costeiras) e também parcerias público-privadas.
- Ver como viabilizar isso é um dos próximos passos - conta Allet, especialista em planejamento urbano pelo Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional (Propour) da UFRGS.