A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) decidiu tirar a denominação Avenida da Legalidade e da Democracia das quatro placas aéreas que serão instaladas na via antes chamada Avenida Presidente Castelo Branco. A explicação é que o nome não caberia na sinalização. Indignado com a decisão, um dos autores do projeto que rebatizou a via, o vereador Pedro Ruas (PSOL), garantiu que entregará na tarde desta quinta-feira um ofício ao prefeito José Fortunati permitindo e solicitando que seja usado somente "Avenida da Legalidade" nas placas.
- A decisão de não usar o nome nas placas é absurda, não faz o menor sentido. Pode-se aumentar a placa, diminuir a letra ou usar só "Legalidade". Vou encaminhar ao prefeito a solicitação para que se use somente Avenida da Legalidade. Estou facilitando, em respeito à história. Temos que homenagear o movimento da Legalidade e descontinuar a homenagem à ditadura militar - afirmou Ruas, que apresentou a proposta de rebatizar a via com a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL).
O diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, disse que haverá duas placas de rua com o nome Avenida da Legalidade e da Democracia, uma localizada debaixo do viaduto da BR-290 e outra no entorno da rodoviária. No entanto, salientou que técnicos da EPTC constataram que o nome completo não caberia na sinalização aérea.
- Nessas placas aéreas usaremos outras informações, como "acesso ao centro de Porto Alegre". Os técnicos não conseguiram botar Avenida da Legalidade e da Democracia nessas placas - completou.
O custo das placas aéreas será de R$ 2,3 mil. Ainda não há uma data para instalar a nova sinalização.
A Câmara Municipal aprovou a proposta de mudança no nome da via no final de agosto. Passados 15 dias úteis da aprovação, o prefeito José Fortunati decidiu silenciar a respeito do projeto, e a promulgação da lei que rebatizou a avenida coube ao presidente em exercício da Câmara, o vereador Mauro Pinheiro (PT).
À tarde, Ruas entregou o efício ao prefeito, ao lado da vereadora Fernanda Melchionna. Confira o texto:
Porto Alegre, 30 de outubro de 2014
Senhor Prefeito
Ouvindo declarações na imprensa, soubemos de alguma dificuldade técnica quanto à colocação do nome Avenida da Legalidade e da Democracia nas placas de sinalização de trânsito.
Como autores da lei respectiva, os vereadores signatários pedem a Vossa Excelência que as placas contenham, então, apenas a expressão Avenida da Legalidade, pois o objetivo prioritário da legislação mencionada é homenagear o maior movimento cívico da história do Rio Grande do Sul, que foi, justamente o Movimento da Legalidade, liderado pelo Governador Leonel Brizola.
Certos da atenção de Vossa Excelência ao nosso requerimento, encaminhamos cordiais saudações.
Vereador Pedro Ruas
Vereadora Fernanda Melchionna
Vereadores entregam o ofício ao prefeito José Fortunati (C)
Foto: Jurema Josefa, divulgação
ENTENDA OS NOMES
Quem foi Castelo Branco
Nascido em Fortaleza, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco foi um dos principais articuladores do golpe que destituiu Jango. Tornou-se o primeiro presidente do período militar, em 1964. Ficou no cargo até março de 1967. Morreu quatro meses depois.
O que foi a Legalidade
O movimento da Legalidade, liderado pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, defendeu, em agosto de 1961, a posse do vice-presidente João Goulart (Jango), que estava em missão oficial na China, depois da renúncia do presidente Jânio Quadros.
