
Nesta sexta-feira, completa-se um mês da implantação do binário nas avenidas Borges de Medeiros e Praia de Belas, em Porto Alegre. À véspera do aniversário da alteração no trânsito da ligação entre a zona sul e o Centro da Capital, a reportagem esteve na região e avaliou que as obras trouxeram, até o momento, mais prejuízos do que benefícios. Porém, a prefeitura garante que, até a finalização das adequações - com a instalação de faixa de ônibus junto aos canteiros -, motoristas e pedestres perceberão as vantagens da medida.
Confira quais são as vantagens (em verde) e os prejuízos (em vermelho) do binário:
A principal queixa diz respeito ao esgotamento da Praia de Belas, que passou a concentrar o trânsito em direção ao Centro. Com o desvio de ônibus e lotações para a via, congestionamentos antes não tão comuns se tornaram frequentes:
- A Borges melhorou, mas, em compensação, a Praia de Belas entupiu. Entre os passageiros e pessoas do bairro, ninguém gostou - sintetiza o taxista Jocelino Pereira Portes, 58 anos, que há mais de duas décadas trabalha no ponto junto ao Praia de Belas Shopping.
A solução apontada pelo engenheiro civil mestre em transportes Felipe Sousa, professor da Unisinos, é a prevista pela EPTC: faixa de ônibus à esquerda da via, com paradas junto ao canteiro.
- Do jeito que está operando hoje, não vejo grandes ganhos. Se conseguirem resolver os ônibus na Praia de Belas, daí, sim, trará uma melhoria - avalia Sousa.
A Borges de Medeiros também receberá a pista exclusiva. A expectativa é de redução do tempo de viagem dos ônibus.
O que funcionou (ou não) no binário Praia de Belas-Borges de Medeiros
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Outra dificuldade no projeto diz respeito às características de cada avenida. Enquanto a Borges é composta por prédios públicos e comerciais, além de costear o Parque Marinha do Brasil, a Praia de Belas possui edifícios residenciais. Com o aumento do fluxo na via em função do binário, moradores se queixam da barulheira do tráfego que começa de manhã cedo e só termina à noite.
- Aumentou o barulho, o movimento e instalaram sinaleiras em frente às garagens. Está muito complicado - aponta a jornalista Thaís Helena Baldasso, 40 anos, que vive em um prédio na Praia de Belas desde novembro.
Mãe de bebê recém-nascido, Thaís já está cogitando a mudança de endereço e conta que vizinhos têm investido em janelas com vidros duplos para atenuar os ruídos. A gerente de planejamento de trânsito da EPTC, Carla Meinecke, justifica o projeto - previsto desde 2009 como uma contrapartida do Praia de Belas Shopping pela expansão do empreendimento - pelo esgotamento dos cruzamentos entre Ipiranga, Borges e Praia de Belas:
- Ainda estamos em obras, e as interferências físicas geram mais lentidão no trânsito.
Em torno de 40% dos serviços de infraestrutura previstos no projeto não foram concluídos pela prefeitura. Mesmo ainda incompletas, umas das melhorias apontada pelo engenheiro Felipe Sousa é a segurança para pedestres com a instalação de 17 semáforos e faixas de seguranças nas duas avenidas, entre os viadutos Dom Pedro I e dos Açorianos.
Quinze dias depois, mesmos problemas
- Em 5 de março, Zero Hora publicou reportagem que apontava as principais queixas de motoristas, usuários do transporte público, pedestres e moradores referentes ao binário.
- Cinco problemas foram apontados como principais: o congestionamento da Praia de Belas, o afunilamento das vias de acesso ao Viaduto Dom Pedro I, o barulho ouvido por moradores da Praia de Belas, a dificuldade de acessar a Ipiranga por quem se desloca na faixa da esquerda em frente ao shopping e a subutilização das faixas da esquerda.
- Quinze dias depois, na véspera das alterações no trânsito completarem um mês, os problemas seguem os mesmos - e novos ainda foram apontados.
* Zero Hora