
Às 15h em ponto, horário em que o Uber anunciou que começaria a operação em Porto Alegre, eu fiz a primeira tentativa de chamar um carro. Com o aplicativo no iPhone e o cartão de crédito já cadastrado, pedi um carro da Avenida Getúlio Vargas, entre a Rua Botafogo e a Rua Visconde do Herval, no bairro Menino Deus.
Por mais ou menos 15 minutos, o aplicativo não respondia às minhas solicitações. A certo ponto, vi que tinha mais ou menos cinco carros ao redor, como mostrava o mapa do app, mas nada da confirmação de uma carona. É provável que o sistema ainda não estivesse 100% funcionando, já que eram os primeiros minutos de ativação do sistema.
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Ao pedir um Uber, o passageiro indica onde está esperando e insere o destino. Antes disso, é possível fazer uma estimativa do valor da carona. No caso, até o Mercado Público, ficaria entre R$ 11 e R$ 14.
Depois de várias tentativas, recebi o aviso de que um Fiat Siena estaria a caminho. Levaria cerca de sete minutos para que o veículo chegasse ao local onde eu estava, estimou o app. Demorou um pouco mais que isso, talvez uns 10 minutos. Acompanhei a rota que o motorista fazia até chegar onde eu estava pelo próprio aplicativo. Quando a corrida é aceita, é possível visualizar uma foto do motorista, a placa do carro e o modelo.
Às 15h30min, um homem vestindo camisa xadrez e calça jeans me chamou a alguns metros. Por não saber a cor do veículo, não vi quando ele passou por mim e estacionou na esquina.
Logo que entrei no carro, notei que o rádio estava desligado. O motorista perguntou sobre a temperatura do ar-condicionado e ofereceu água. Com o calor que fazia, aceitei a garrafinha de 500 ml que ele guardava no banco da frente. Era um carro simples, mas estava limpo e bem cuidado. De todas as vezes em que eu utilizei o UberX, em outras cidades em que ele já opera, esse era um dos mais modestos. O UberX é a modalidade mais simples do serviço, que não exige que os carros sejam pretos ou muito sofisticados.
Já a caminho do meu destino, depois de percorrermos algumas quadras, pedi para que o motorista voltasse ao local de partida. Expliquei que havia esquecido um documento. Ele foi gentil, retornou e me esperou. Esse desvio do trajeto, disse ele, pode ser feito sem problemas, mesmo que o destino do passageiro seja informado na hora de pedir o carro.
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Eu era a segunda passageira que ele transportava, menos de meia hora depois do começo da operação. No trajeto até o Mercado Público, não enfrentamos congestionamento, e ele dirigia e a uma velocidade adequada. Contou que era empresário e prestava serviços para o Estado, mas que iria trabalhar com o Uber durante a tarde. Há mais ou menos dois meses, ele soube que a empresa começaria a operar aqui e logo agilizou a mudança na carteira de motorista para que pudesse se cadastrar.
- Como o governo não está pagando em dia, temos que fazer outras coisas - disse.
Se não tivéssemos retornado ao meu local de partida, a carona até o Mercado Público teria demorado cerca de 12 minutos. Percorremos ao todo quase oito quilômetros e paguei R$ 20. Apesar da estimativa inicial, que não previa o desvio que fizemos, o valor é informado ao final da corrida, quando também é necessário avaliar o motorista. Marquei as cinco estrelas, nota máxima, já que a temperatura dentro do carro estava agradável, o condutor foi gentil e dirigiu com prudência durante todo caminho.
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No Centro, demora para conseguir um carro
Chegando ao Mercado Público, resolvi fazer o teste da volta em outro ponto do Centro. Fui até a Rua Caldas Júnior com a Rua Sete de Setembro. Solicitei, às 16h15, uma estimativa de valor até a Avenida Getúlio Vargas, no bairro Menino Deus, e vi que custaria entre R$ 9 e R$ 12.
Pelos 20 minutos seguintes, fiz três solicitações. Cancelei duas delas por esperar demais, e, na terceira, o aplicativo me mostrou que não havia carros disponíveis ao redor. Na quarta tentativa, recebi a confirmação de que um Nissan Versa chegaria em sete minutos. Esperei mais 15 minutos até que o carro prata, com um motorista de terno preto, chegasse ao local.
Embarquei. Dentro do carro, estava geladinho, um alívio. O carro era espaçoso, parecia novo, e certamente era bem cuidado e limpo. O condutor perguntou se eu queria água, ofereceu chocolates e perguntou se eu tinha que carregar meu smartphone. Conectei o iPhone do banco de trás e fui conversando com ele durante o trajeto.
Eu era a terceira passageira que ele transportava naquela tarde. Comentei sobre a demora, e ele respondeu que havia poucos carros circulando ainda, talvez 30 ou 40. Mas não puxava muito assunto, a não ser quando eu fazia perguntas. Comentou que trabalhava com telecomunicações, mas, por causa da flexibilidade de horários, iria rodar a cidade pegando passageiros durante a tarde. Ele seguiu a rota proposta pelo GPS e chegamos no meu destino em 16 minutos, um pouco depois das 17h. Avaliei o motorista com cinco estrelas e a carona custou R$ 16.
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Demorou um pouco, mas foi agradável
Nas primeiras experiências que tive com o Uber em Porto Alegre, nas duas horas seguintes ao começo da operação, não esperava a rapidez e a disponibilidade como nas cidades de São Paulo ou Nova York, mas confesso que poderia ter chegado mais rápido ao meu destino se tivesse pedido um táxi quando estava no Centro. Na ida ao Mercado Público, o tempo de espera foi razoável.
O padrão é o mesmo das outras cidades em que já havia testado o serviço: motoristas educados e prudentes no trânsito, ar-condicionado ligado, água à vontade e interior do carro limpo. Uma experiência agradável, já que eu não estava com pressa na hora de voltar.