A manifestação dos rodoviários, nesta quinta-feira, foi a primeira grande mobilização que tomou conta das ruas de Porto Alegre após a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul traçar orientações de atuação dos órgãos públicos para situações de bloqueio de trânsito na Capital.
E o que se viu, neste primeiro exemplo, foi um movimento mais coordenado entre manifestantes, policiais e agentes de trânsito – bem diferente daquele verificado no protesto de 7 de dezembro do último ano, quando uma mobilização por moradia urbana trancou todo o tráfego da Região Central e expôs o desentrosamento entre organismos de segurança e mobilidade, bem como a falta de informação.
Com os coletivos praticamente parados por cerca de duas horas nos corredores das avenidas João Pessoa, Osvaldo Aranha e Farrapos, passageiros de diversas linhas indignaram-se e tiveram de enfrentar atrasos em seus compromissos logo no início do dia. Para motoristas que tiveram que passar pelas regiões da mobilização, no entanto, o impacto não foi tão grande. Na Av. João Pessoa, por exemplo, duas faixas foram preservadas livres para o fluxo dos veículos, que só se afunilou após a passagem pelo Túnel da Conceição, no sentido bairro-Centro – mas, ainda assim, não houve congestionamento.

De acordo com o tenente-coronel Marcus Vinícius, comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que coordenava a operação do Pelotão de Operações (POE)Especiais, tanto Brigada Militar quanto EPTC acompanharam as tratativas entre rodoviários e empresas de ônibus, que culminaram em uma primeira mobilização da categoria nesta manhã. Com isso, sabia-se previamente qual seria o trajeto a ser percorrido pelos manifestantes, o que garantiu que não houvesse a interrupção do trânsito no percurso.
– Interagimos com a EPTC e com os demais órgãos públicos para que a manifestação pudesse se dar de forma segura para os manifestantes, e que garantisse uma mobilidade mínima para a cidade. É um trabalho de integração que sempre existiu, mas que agora está formalizado, cada órgão sabe de sua atribuição – afirma o tenente-coronel.

Para o agente de fiscalização da EPTC Dagoberto Bezerra, com as informações repassadas pelos manifestantes em relação aos deslocamentos e avaliação de uma estratégia por parte dos órgãos públicos, o trânsito pôde ser controlado de maneira que o impacto fosse mínimo.
– Em outras manifestações o Túnel da Conceição era um local que sempre ficava completamente bloqueado. Hoje foi possível liberar até duas pistas para veículos, liberando o fluxo – exemplifica o agente.
O diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, diz que a empresa não pretende mudar a atuação que envolveu cerca de 40 agentes de trânsito nesta quinta-feira em novos protestos. Mas não descarta recorrer à Brigada Militar caso o impacto no trânsito seja maior que o esperado.
– Vamos acompanhar da mesma forma que fizemos hoje, com agentes organizado a passagem da manifestação. Não havendo alternativa de circulação trânsito, vamos solicitar a força policial para desobstruir a via – disse Cappellari.
* Zero Hora