Nas últimas semanas, 40 mulheres se formaram na oficina
Foto: Jéssica Rebeca Weber/ Agência RBS
Elas ainda são ínfima minoria na construção civil - representam menos de 10% dos trabalhadores no Rio Grande do Sul, de acordo com último levantamento do Ministério do Trabalho. Mas, no que depender da Cimento e Batom, oficina de pequenos reparos idealizada pela ONG Mulher em Construção, o sexo feminino vai ocupar um espaço mais justo no segmento logo logo.
- A mulher está conquistando pelo capricho e por não desistir - destaca a instrutora Ana Maria Pereira, 46 anos.
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Em quase dez anos, mais de quatro mil se formaram no curso. A fundadora da ONG, Bia Kern, explica que o objetivo é ensinar à mulher pequenos consertos domésticos que a capacita para arrumar a própria casa e, se quiser, ingressar no mercado de trabalho. Acredita que, em um grupo composto apenas por mulheres, elas se sentem mais à vontade para perguntar e aprender.
- Elas fazem uma academia e, ao mesmo tempo, estão construindo e melhorando o espaço em que vivem - diz.
A cuidadora Margarete de Malha até então não conhecia nenhuma pedreira mulher, mas não se acanhou ao fazer a inscrição. Destaca que, em 2017, vai completar 50 anos e quer "fazer tudo diferente".
- As mulheres têm de levantar essa bandeira, não têm de depender de homem para nada - defende.
Zulma Antunes, 53 anos, que já trabalha como pintora, pretende aumentar a renda - que já triplicou desde que trocou os serviços gerais pelo pincel, garante ela. Ela aposta na grande demanda por serviços relacionados à construção, e mais ainda no poder das mulheres:
- Somos mais perfeccionistas, mais cuidadosas, mais caprichosas - diz ela.
Representante do sexo masculino no meio da mulherada, Gilberto José Todeschini, coordenador técnico do projeto, acrescenta a qualidade do trabalho e a vontade na lista de prós da mulher na construção civil, destacando ainda que elas estão aproveitando o momento para botar ordem na obra.
- Os homens também estão se ajustando em função da presença da mulher - diz.
No que depender delas, o ambiente ficará mesmo mais sério. As formandas desta semana garantem que não vão querer revanche: elas pretendem poupar os homens que passam na rua de cantadas furadas.
Inscreva-se:
A oficina, que tem duração de 20 horas, é voltada a mulheres de baixa renda. Ainda não há definição de novas datas, mas inscrições podem ser realizadas no Facebook da ONG ou na agência do Sine no Centro de Porto Alegre (Avenida Sepúlveda, esquina com Avenida Mauá). As aulas ocorrem no Complexo Vila Flores, no bairro Floresta, e no Galpão Makers, no bairro São Geraldo, em Porto Alegre.
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