
Prática comum de vestibulandos há muitos anos, estudar as características das bancas que realizam as provas de concursos públicos ganhou status tão importante quanto saber o conteúdo previsto para a seleção. Conhecer o hisatórico de cada organizadora ajuda o candidato a otimizar o preparo e a dar atenção especial ao que normalmente é mais cobrado.
Das bancas gaúchas, três costumam concentrar o maior número de provas: Fundatec, FDRH e Faurgs. Além delas, a Cespe, vinculada à Universidade de Brasília (UnB), com seu estilo diferenciado, também é muito usada nas seleções de alcance nacional.
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Confira a diferença entre cada uma delas em algumas das principais disciplinas exigidas nos concursos:
Português
Por Marcelo Giullian, professor de português do Cetec
FDRH, Fundatec e Faurgs
As bancas gaúchas são muito apegadas à gramática, com questões que exigem dos candidatos conhecimentos específicos sobre regras e determinações. As organizadoras locais costumam cobrar menos a interpretação de textos, mas, em compensação, o nível de dificuldade é superior por serem mais subjetivas. Essa característica é vista especialmente nas provas da Faurgs e alvo de muitas reclamações dos concurseiros fieis.
Cespe/UnB
As provas do Cespe têm uma peculiaridade na comparação com as bancas do Rio Grande do Sul: em vez de múltipla escolha, a organizadora tem por regra fazer questões de "certo e errado", um temor extra, uma vez que cada resposta errada anula os pontos da questão correta.
Quanto ao conteúdo, as bancas de fora costumam elaborar questões mais em função do texto. Há diversas perguntas que podem ser resolvidas sem conhecimentos gramaticais tão específicos, desde que o candidato faça uma leitura atenta e criteriosa.
E ao contrário das gaúchas, as bancas nacionais normalmente cobram muito a interpretação de texto. A quantidade de questões desse estilo em provas varia: pode ir desde 20% do total até 50%, dependendo da seleção.
Legislação
Por Tais Flores, professora de direito administrativo do CPC Concursos
FDRH, Fundatec e Faurgs
A criação de questões para um concurso público deve seguir alguns princípios, entre eles o da objetividade - não pode ser objeto de questão um assunto controverso, com muitas respostas possíveis - vinculação ao edital - só pode ser cobrado aquilo que foi mencionado expressamente no programa da prova - e o ineditismo - apenas questões novas, vedada a reprodução de questões anteriores.
As provas de legislação dessas bancas têm como característica apostar na literalidade da lei, ou seja, cópia do texto, mas com pequenas alterações. A prática acaba selecionando um candidato a partir de sua capacidade de memorização e atenção. Pegadinhas com afirmativas que usam trechos longos da lei e trocam poucas palavras são comuns nas seleções feitas no Rio Grande do Sul.
CESPE
Aqui, o candidato costuma ser exigido além da literalidade da lei. Normalmente, a banca apresenta uma situação que deve ser analisada a partir do que está na legislação. Em relação aos conteúdos, no Direito são cobradas questões envolvendo análise de situações hipotéticas, que exigem conhecimento da lei, da doutrina e da jurisprudência (decisões repetidas dos Tribunais Superiores). Ou seja: o candidato deve ser analítico e muito bem atualizado para se sair bem nessa prova.
Especificamente sobre Direito Administrativo, os temas mais cobrados são a Lei nº 8.112, que fala sobre o regime jurídico dos servidores federais, Licitações públicas, Atos Administrativos e Administração Pública. Em Direito Constitucional, os assuntos mais cobrados são: direitos e deveres individuais e coletivos; Controle de Constitucionalidade; organização político-administrativa e Poder Judiciário.
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estudos
Informática
Por Antônio Marques, professor de informática no curso Vigor
Em informática, as bancas gaúchas costumam ter maior diferença na criação das questões:
Fundatec
É uma banca que normalmente coloca muitas imagens, muitas telas dos programas exigidos nas questões. Além disso, para chegar à resposta correta, o candidato terá que analisar muitas assertivas (as afirmações colocadas em números romanos I, II, III, IV...), o que torna o processo cansativo. A banca costuma cobrar bantante o conhecimento dos ícones, que aqui são mostrados em imagens. Mas, claro, costumam ser exigidos os ícones que não são usados costumeiramente pelos usuários.
Além disso, muitas vezes a Fundatec deixa a Informática por último no caderno de questões. Por isso, se o candidato tem dificuldade no assunto, é recomendável que seja a primeira a ser feita no dia da prova.
FDRH
Com menos imagens dos programas na prova, a FDRH costuma confundir o candidato no enunciado da questão. Ou seja, o candidato precisa ler com muita atenção para compreender o que a banca está cobrando. Uma vez entendido o que está sendo pedido, tecnicamente não é uma prova tão difícil.
Entre os conteúdos exigidos, um dos mais pedidos são as teclas de atalho. A dica aqui é direcionar os estudos para aqueles menos usuais do Windows e de programas como Word, Excel e seus similares gratuitos.
Faurgs
É uma banca considerada muito técnica, ou seja, que exige um conhecimento mais aprofundado dos candidatos sobre os conteúdos solicitados no edital. Diferente da FDRH, aqui o candidato compreende a pergunta mais facilmente, ao mesmo tempo que é mais exigido.
Resumindo, se você não sabe o conteúdo e tenta buscar alguma dica em algum pormenor da questão para tentar chutar, terá dificuldade.
Cespe/UnB
É uma banca muito precisa, ou seja, raramente tem questões anuladas após recursos. Uma das principais características da Cespe é exigir conhecimento sobre ícones dos programas, sem mostrá-los em um contexto, pedindo a localização, a sua utilidade e conhecimento sobre a sua parte "antiprática" - coisas que o usuário não está acostumado a fazer no dia a dia.
Além disso, outro tema bastante cobrado são questões sobre segurança (internet, antivírus e criptografia).