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Para quem sonha com o imóvel próprio, mas não tem tanta pressa e confiança para contrair um financiamento de imediato, a recomendação dos especialistas é de que espere mais alguns meses. Com a tendência de queda na taxa básica de juros, a Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), a probabilidade é de que os juros do crédito imobiliário sejam reduzidos quase na mesma proporção, o que pode facilitar a vida de quem pretende financiar a casa própria no segundo semestre.
Em 22 de fevereiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou o quarto corte seguido na taxa, em 0,75 ponto percentual (de 13% ao ano para 12,25% ao ano). Na ocasião, o órgão indicou que, diante da recessão econômica e da expectativa de queda da inflação, pode realizar novos cortes nos próximos meses – ainda maiores do que o 0,75 ponto percentual da última reunião.
O consultor financeiro pessoal Rodrigo Leone, da Gestor Finanças Pessoais, acredita que, como consequência da variação da Selic, os juros para o financiamento imobiliário possam cair até dois pontos percentuais nos próximos meses, de cerca de 9% para 7% ao ano (incluindo seguros e taxas administrativas). Nessa hipótese, o financiamento de um imóvel usado de R$ 100 mil (com entrada de 20%) sairia 12,78% mais barato (veja simulação abaixo).
Pesquisa e barganha
No entanto, se a decisão for apenas tentar ganhar dinheiro com aplicações enquanto se aguarda a queda da Selic e dos juros imobiliários, esperar não faz muito sentido, porque, neste caso, o comprador pode deixar escapar a casa dos sonhos ou uma proposta imperdível. Ao mesmo tempo, assim como os juros imobiliários cairiam em razão da Selic, os ganhos com a aplicação reduziriam na mesma medida.
– Quem está vendendo imóvel tem de correr atrás e oferecer preço em função da pressa. Quem está comprando, se não tem pressa, tem uma vantagem gigante. É o dono da bola. No caso, ter prazo é mais importante para poder pesquisar, procurar boas oportunidades de negócios e buscar o imóvel de acordo com as suas necessidades – afirma Leone.
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Na mesma linha de raciocínio, o consultor Paulo Di Blasi, diretor da Di Blasi Consultoria Financeira, avalia que, considerando apenas o aspecto financeiro da questão – financiando a compra no segundo semestre, ao final, se pagaria menos do que hoje – quem está procurando imóveis do tipo padrão, que costumam ser encontrados em maior quantidade e com maior espectro de preços, pode (e deve) aguardar melhores condições no segundo semestre.
Porém, caso encontre antes disso o imóvel nas características que deseja, o comprador deve buscar uma redução no preço, como forma de atenuar a possível diferença nas taxas de juros atuais e as que deverão ser aplicadas alguns meses adiante.
– Essa prevista queda de juros, de alguma forma, já está embutida nos preços, afinal, é uma referência para as operações. Se a pessoa está procurando um imóvel para moradia e acha o imóvel hoje, pode tentar negociar melhor o preço. Porque, se vai esperar o juro cair, pode perder o imóvel – aconselha Di Blasi.