
Resultados estupendos em testes internacionais transformaram o sistema escolar da Finlândia em sinônimo de qualidade de ensino. Há um ano e meio, ZH foi a Helsinki conhecer o modelo e teve uma surpresa: a carga é uma das menores do planeta, superada inclusive pela brasileira, e os temas de casa são escassos. O exemplo finlandês levanta uma questão: o problema do Brasil é a quantidade de horas de aula ou a qualidade dessas horas?
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Não há consenso. Entidades como o Todos pela Educação, que defende a implantação do tempo integral, sustentam que ampliar horas é uma das políticas mais efetivas para melhorar o desempenho escolar.
- Há países de referência em que a carga é bem maior do que no Brasil. E a bibliografia mostra uma relação entre a jornada maior e desempenho - afirma Alejandra Meraz Velasco, gerente da área técnica do Todos pela Educação.
Ex-diretor de inovação e sustentabilidade do grupo Anima Educação, Eduardo Shimahara percorreu vários países em um projeto para conhecer modelos de escola. Ele diz não ser comum encontrar estabelecimentos em que as crianças passem o dia todo:
- Quantidade não quer dizer nada. Uma educação com quatro horas, com dedicação ao aluno e boa relação om o professor faz muito mais diferença do que estender as horas.
Comparando as jornadas da escola brasileira com aquelas levantadas pela pesquisa mais conhecida sobre carga horária, realizada pela OCDE, observa-se que o Brasil está dentro da média do mundo desenvolvido - mas tem desempenho pior nas avaliações. Um outro estudo da OCDE talvez ajude a explicar o porquê: os professores brasileiros são os que gastam menos tempo dando aula durante as aulas.

