
Na última sexta-feira, pais dos alunos do Colégio Bom Jesus São Luiz, no bairro Teresópolis, na zona sul da Capital, foram chamados à escola para uma reunião sobre o planejamento do ano letivo de 2017. Veio então a surpresa: todos foram avisados de que a instituição vai fechar as portas no ano que vem. Aulas e atividades dos alunos serão mantidas apenas até o final deste ano.
Leia as últimas notícias
Proposta de mudança em cotas na UFRGS relaciona revisão de percentuais a lei federal
Em comunicado por e-mail, por meio da assessoria de imprensa, a Rede Educacional Bom Jesus, que administra a escola desde 2009, diz apenas que concentrará as atividades na escola Bom Jesus Sévigné, no Centro Histórico. Professores e funcionários da instituição não foram autorizados a se manifestar sobre a decisão, no entanto, pais que estavam na reunião relatam que, durante o encontro, a situação financeira e a inadimplência foram citadas entre os motivos para a decisão de encerrar as atividades na escola.
Bruno Eizerik, presidente do Sindicato do Ensino Privado do RS (Sinepe/RS), afirma que não cabe ao órgão se manifestar sobre a situação específica do Colégio Bom Jesus São Luiz, mas afirma que resultados preliminares de uma pesquisa feita pelo sindicato apontam que as instituições de ensino no Estado enfrentam dificuldades e que houve um aumento na inadimplência.
– O que a escola faz é uma questão de gestão, cabe à mantenedora tomar a decisão mais correta para a situação – afirma.
A decisão de fechar a unidade no bairro Teresópolis afeta 220 alunos, da Educação Infantil ao Ensino Médio.
– Foi uma bomba. A escola tem uma baita estrutura e conseguimos deixar as crianças aqui com segurança por causa do pátio. O ensino também é maravilhoso. O meu desejo era reverter essa decisão e trazer mais gente para cá, nos falaram que, talvez se o número de alunos dobrasse, isso não aconteceria – diz a funcionária pública Giana Hilgert Wendling, de 43 anos, mãe de Maria Fernanda, quatro anos, e Felipe, de seis, alunos da escola.

Giana faz parte de um grupo de pais que lamentam o fechamento da escola e se veem indecisos sobre o futuro escolar dos filhos para o ano que vem. A proposta para transferência para o Bom Jesus Sévigné, no centro da Capital, dificultaria a logística da família que mora no bairro Santa Teresa, diz Giana. O Grupo Bom Jesus confirma que há vagas na escola para atender a todos os estudantes, mas não especificou sobre os benefícios ou o período para os estudantes requisitarem espaço nas turmas. Para ela, a escola informou que a mensalidade permaneceria na mesma faixa de preço – já que no São Luiz o valor cobrado por mês é mais baixo do que o Sévigné. A rede também teria oferecido outros benefícios, como auxílio para o transporte dos alunos. De acordo com Giana, a mensalidade sairia em média, para cada filho, R$ 600.
– Temos um mês para decidir o que fazer. Nossa turma queria se formar junta, agora não sabemos se vai dar. E aqui é bom por causa da proximidade de casa – diz Rafael Novoa, 16 anos, aluno do 2º ano do Ensino Médio.
A mãe do estudante, a advogada, Paola Pinent, de 34 anos, matriculou o filho há cinco anos na escola e diz que é quase inviável que o filho frequente um colégio no Centro. Entre as preocupações, estão a segurança do jovem.
– Eu havia notado que as turmas tinham diminuído, a percepção era que caía o número de alunos – afirma.
Sindicato fará assembleia com professores
A informação sobre o encerramento das atividades na escola São Luiz chegou ao Sindicato dos Professores do Ensino Privado do RS (Sinpro/RS) no início da semana. De acordo com Celso Stefanoski, diretor de educação do Sinpro/RS, nesta semana será convocada uma assembleia com os professores da escola. O sindicato afirma que vai acompanhar as rescisões, para assegurar os direitos trabalhistas dos funcionários da escola, e as possíveis transferências para a outra unidade da rede.
– Essa junção não se justifica desta forma e neste momento. A decisão foi feita de forma intempestiva, que desrespeita os professores e a comunidade escolar e vamos cobrar da rede mantenedora – diz.