
Scout Raskin possui três cachorros, um gato, tartarugas e um par de caranguejos eremitas. Ainda assim, queria um animal de estimação do campo para completar a coleção que tem em casa em um bairro quase rural do condado de Los Angeles. Um cavalo era muito grande para o jardim, uma galinha, impossível de abraçar. Em março, ela foi até um restaurante em Lancaster, na Califórnia, uma cidade na fronteira oeste do Deserto do Mojave, onde encontrou um criador com duas cabras anãs nigerianas na caçamba de seu Honda Odissey.
Raskin havia escolhido Spanky e Pippin na internet semanas antes e chegara a hora de levá-las para casa. Ela se inspirou, em parte, na mania de ioga com cabras, popular entre as mulheres de Hollywood que usam roupas da Lululemon e atrizes como Rebecca Romjin.
– As cabras estão na moda hoje em dia. Muitos adultos querem ficar de quatro e deixar que as cabras saltem sobre eles – afirma Raskin, ex-atriz infantil.
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As cabras tem sido um tema popular de vídeos e memes na internet. Há animais desmaiando, gritando, de pijamas e com acessos de raiva. Existe um jogo virtual em que o único propósito é fazer com que uma cabra destrua coisas e existe até mesmo uma peça de Edward Albee que ganhou um Prêmio Tony, A Cabra, ou quem é Silvia?, na qual o personagem principal tem um caso com o animal em questão. Mas nos últimos anos, uma onda desses divertidos animaizinhos se mudou da internet para quintais, salas e estábulos construídos apressadamente. Na verdade, o número de cabras anãs nigerianas registradas, adoradas por causa de seu tamanho e da natureza tranquila, aumentou 7,5 por cento em três anos, segundo a Sociedade Americana de Cabras.
O Instagram se tornou um lugar popular para donos compartilharem as histórias de suas cabras e bodes. Eles podem ser vistos passeando, mergulhando na piscina e se aconchegando. A Goats of Anarchy, uma instituição de resgate de cabras com necessidades especiais de Nova Jersey, atrai muitos amantes de corações mole desses animais: tem 499 mil seguidores e uma linha de livros, meias e calendários.

– Sei que existem estereótipos, como comer lata e cheirar mal. Não é verdade. Elas são muito parecidas como cachorros. São ótimos animais de estimação. As cabras percebem o seu humor, conseguem fazer com que a pessoa se abra – diz William Kowalik, representante da Sociedade Americana de Cabras.
Angela Bailey vive a 20 minutos de carro de Saint Paul, em Minnesota. Uma amiga sugeriu que ela arrumasse uma cabra dizendo que o leite é mais fácil de digerir. Em maio, o marido de Bailey lhe deu duas cabritas de aniversário.
– Elas balançam o rabinho quando estão felizes. Gostam de ser coçadas e acariciadas e adoram ficar perto da gente – conta Bailey. Outra coisa boa, diz ela, "o cocô não fede".
Os amigos de Bailey que moram nas cidades não gostaram tanto.
– Percebi que eles ficam meio revirando os olhos – afirma. Seus seis filhos, no entanto, estão cada vez mais felizes com elas, especialmente as meninas.
– Elas as abraçam muito – conta Bailey.
As cabras e bodes têm uma estrutura social definida, apesar de parecerem fofos e despreocupados.
– Todo mundo tem seu lugar – afirma Kowalik, que mora em San Antonio e possui cabras.
– Elas aprendem a ordem e, se alguém não a segue, elas reclamam.
Se uma cabra cheira a comida de outra, "elas saem de perto e se recusam a comer", conta ele.
– Se um pedaço de melancia toca o chão, elas não comem. E elas também são assim: 'Essa não é minha tigela. Não vou beber daí'.
Apesar dessas frescuras, esses animais são, na maioria das vezes, muito tolerantes com os humanos. Foi isso que conquistou Quinn Edwards que trabalha com tecnologia e vive em Draper, em Utah. Ele é dono de quatro anãs nigerianas que têm 35 mil seguidores no Instagram.
– Tinha um amigo quando era criança que gostava de mulas e dizia: "Esta tem uma boa personalidade" – conta Edwards.
– Para mim, era apenas uma mula estúpida. Bem, era assim que ele pensava até arrumar o Kevin.
– É o melhor. Quando veio para casa, as outras cabras eram um pouco maiores, então ele nunca saia do meu lado.
Eles caminhavam. Eles se abraçavam. E então os telefonemas começaram.
– Um guitarrista da H20, uma banda punk popular na década de 1990, ligou e queria ver as cabras – conta Edwards, que concordou.
– Eu só ficava pensando: "esses caras eram minha banda favorita". Outra vez uma família da Pensilvânia passou na sua casa para visitar Kevin e as colegas. E, no ano passado, Edwards recebeu uma mensagem de uma amiga de faculdade em Los Angeles que queria visitar seus animaizinhos depois de ver as fotos no Facebook. Ela estava se divorciando, diz Edwards. Estava solteiro. Os dois trocaram mensagens por meses. Ela veio ver as cabras e mais tarde se mudou para Utah. Em abril, eles se casaram.

"As cabras aproximam as pessoas", afirma ele.
Raskin, que comprou as suas em março, descobriu rapidamente quão populares elas se tornariam. Agora, ela aluga Spanky e Pippin por US$ 75 por hora. Elas já apareceram no Canal Hallmark e são um sucesso no circuito de ioga com cabras de Los Angeles. Recentemente, Pippin usou um vestido de noiva branco para receber um noivo em sua despedida de solteiro. Mas até agora o cenário mais elaborado foi uma festa de 30 anos. Mais de trinta pessoas apareceram para jogar Twister com a cabra.
As fotos, claro, foram publicadas no Instagram.
Por Laura M. Holson, The New York Times