
Ao mesmo tempo em que Luciane Carvalho realizou o sonho da maternidade, precisou lidar com o susto de descobrir que estava grávida de quadrigêmeos. Depois da surpresa, teve de superar a perda do pai dias depois do nascimento dos filhos. As informações são da Revista Crescer.
Solteira, a administradora de empresas de 37 anos tinha como meta esperar até os 39 anos para ser mãe, mas a notícia de que o pai, o aposentado João Luiz Carvalho, 68 anos, estava doente fez com que ela antecipasse os planos. Ela, então, resolveu encarar uma produção independente e fez uma inseminação artificial com esperma de doador desconhecido obtido a partir de um banco de sêmen. O procedimento foi realizado no início deste ano.
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Passam bem os quadrigêmeos de mãe que optou por produção independente
Embora quisesse muito ter filhos, Luciane pretendia ter apenas dois, um de cada vez. Ela ficou muito assustada com o fato de ter quatro de uma só vez. Não sabia como faria dali pra frente. O acolhimento dos pais foi essencial para que ela retomasse a serenidade e começasse a curtir a gravidez de fato.
– Eu sempre quis muito ter filho. Mas, no meu salário, caberia um nenê. Apertando, dois. Nem no meu carro cabem quatro. É uma produção independente, sempre fui responsável, e agora estou colocando quatro pessoas no mundo. Senti pavor. Me assustei muito. Minha cabeça não parava. Fiquei pensando em como fazer – contou a gestante à revista.
Durante a gestação, o pai de Luciane, diagnosticado com mielodisplasia, uma disfunção na produção das células sanguíneas, passou por um transplante. Mas, como tudo correu bem, a família estava tranquila.
Os planos de tirar licença do trabalho eram para agosto. Mas em junho, quando os bebês tinham 23 semanas, a médica que acompanhava o caso, a ginecologista e obstetra Karla Simon Brouwers, recomendou repouso absoluto, o que perdurou até a 32ªsemana de gravidez.
No dia 29 de agosto, por cesariana, nasceram Nicolas, Antonella, Sofia e Valentina. Todos saudáveis. Em contrapartida, no mesmo dia, a família recebeu a notícia de que a doença de João tinha voltado com muita força.
– Quando os bebês estavam com dois dias de vida, meu pai foi vê-los na UTI. Era quinta-feira. No dia seguinte, ele acordou acabado, foi tomar uma medicação e precisou ser internado. Não saiu mais do hospital. Mas foi incrível como tudo parece ter sido cronometrado. Na semana seguinte, eu tive alta na quinta-feira. Na sexta, fui me despedir dele no hospital e, no sábado, ele faleceu. Lidei com vida e morte ao mesmo tempo. Tudo é muito lindo e muito triste na mesma medida. Mas graças à espiritualidade, eu e minha família tivemos força e serenidade para passar por isso – diz Luciane.
As quatro crianças estão na UTI ainda, pois precisam ganhar peso e aprender a mamar antes de irem para casa. A mãe, que fica com os pequenos das 8h30min às 18h30min, ainda precisa administrar a reforma da casa, que precisou de um quarto a mais para receber os quadrigêmeos.
– Os bebês ajudam muito a me manter ocupada e passar pelo luto. Quando eu paro, e me lembro do meu pai, realmente fico emocionada porque tinha muita vontade de tê-lo comigo nesse momento. Mas fico feliz porque se não tivesse tomado essa decisão de ser mãe, ele não teria participado de nada, não teria visto os netos. Para mim é muito mais que sorte, é amor – conta.