Balidos e relinchos ressoam tanto quanto latidos na Faculdade de Veterinária da UFRGS - um prenúncio de que, ao contrário do que muitos pensam, o curso não forma apenas profissionais voltados para o tratamento de cães e gatos.
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Nem é esse o público que o lugar mais atrai, ainda que boa parte dos alunos esteja interessada nos bichinhos de estimação: animais de médio e grande porte também são estudados, e estão no cerne do que vários jovens vislumbram para o futuro.
Prova disso são as duas estudantes convidadas para conhecer a faculdade nesta edição da série Papo com Veterano. Ana Paula Silva Batista, 20 anos, deseja lidar com animais silvestres. Mariana Lacortt, da mesma idade, quer trabalhar com espécies de grande porte.
Ambas estiveram na sede do curso, no Campus do Vale, caminharam pelas instalações, descobriram laboratórios e tiraram dúvidas sobre o local onde em breve pretendem ingressar. O tour foi promovido por Marcelo Barcelos Rocha, 26 anos, que acaba de completar o 10º semestre e logo vai para a última etapa da formação, passando por uma experiência de seis meses na área onde escolheu atuar.
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Os estágios, como o veterano faz questão de frisar, são parte fundamental da faculdade e servem para incutir conhecimento e lições práticas ao dia a dia do aluno.
- Procurem fazer estágio desde o primeiro semestre. Dificilmente são remunerados, mas valem para vocês aprenderem mais e descobrirem o que farão depois de formados - afirma Marcelo, que no próximo semestre vai a Bagé e São Paulo para estudar reprodução de equinos.
Além da UFRGS, que obteve conceito 5 em Veterinária no último Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), outras universidades do Estado ministram o curso. Na UFSM, os alunos passam por residência médica no hospital veterinário universitário e podem atuar em clínica de pequenos e grandes animais. Na UFPel, o aluno também aprende clínica cirúrgica, e o curso oferece um programa de extensão rural, com aulas de sociologia e economia voltadas para o campo nos primeiros anos de formação. Ambas as universidades obtiveram conceito 4 no Enade 2010.
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Muito além dos pets
A formação em Medicina Veterinária começa com seis semestres de cadeiras introdutórias - que englobam da anatomia à fisiologia de diversas espécies - para então, a partir do 7º semestre, terem início as disciplinas mais específicas. É quando os alunos tomam conhecimento dos detalhes de animais de pequeno a grande porte e definem a área em que vão trabalhar como veterinários. Ana Paula e Mariana aprendem que, mesmo tendo em mente aquilo em que desejam trabalhar, é comum alunos descobrirem afinidades com os demais campos de ação profissional durante as aulas.
A coordenadora do curso de graduação em Veterinária da UFRGS, Saionara Araujo Wagner, explica que a maior parte dos alunos ingressantes na faculdade é do sexo feminino, vem de Porto Alegre ou Região Metropolitana e tem interesse em trabalhar com cães e gatos. Oportunidades não faltam, mas a atuação do veterinário vai bem além dos pequenos animais - e também destoa dos bichos que tradicionalmente visitam estabelecimentos e clínicas voltados aos pets.
- Muitos estudantes já vêm para a faculdade procurando lidar com animais silvestres, algo que até alguns anos atrás não se via. Hoje vemos iguanas, aves exóticas, cobras e porquinhos-da-índia como pets, sendo criados inclusive como membros da família. Isso pode acarretar em alterações de comportamento (desses animais). Aí também entra o conhecimento veterinário - destaca Saionara.
Foto: Diego Vara / Agência RBS
O INÍCIO
Os primeiros seis semestres são focados no estudo de animais em geral, enquanto a formação mais específica ganha destaque na segunda metade do curso. Mesmo quem pensa em trabalhar apenas com animais de pequeno porte precisa entender detalhes de bovinos e equinos, entre outros.
Os horários de aula variam, mas a partir da metade do curso, a carga horária aumenta e é mais frequente passar o dia em aulas. Os primeiros quatro semestres, com pelo menos 20 créditos obrigatórios, costumam abrir mais espaço para a realização de estágios, mas, dali em diante, é preciso aliar cadeiras de manhã e de tarde - por vezes em dias variados - à realização de outras atividades.
ESTÁGIO
Fundamental durante o curso, o estágio é valorizado desde as primeiras aulas. Para quem está decidido quanto a uma área de atuação, é a chance de aprimorar os conhecimentos com lições que ficam de fora da sala de aula. Para quem ainda não definiu com o que deseja trabalhar, os estágios dão a oportunidade de testar diversas atividades práticas até que se escolha uma delas - ou se decida especializar em várias. O veterano recomenda que os estudantes busquem oportunidades já no início da formação.
EXTRACURRICULARES
Cada participação em atividades não diretamente associadas às aulas conta como crédito extra para os estudantes - algo necessário e incentivado dentro da Veterinária. Na UFRGS, são pelo menos seis os créditos necessários, mas muitos alunos do curso acabam fazendo mais.
- Isso é de livre escolha do aluno. Congressos, seminários, atividades de extensão e de pesquisa, bolsas de iniciação científica: tudo conta como crédito complementar. Muitas dessas atividades podem ser realizadas longe da faculdade, em outra cidade ou Estado, até em outro país - explica a coordenadora do curso, Saionara Araujo Wagner.
TEORIA X PRÁTICA
Em Veterinária, a prática é aliada dos estudantes desde os primeiros dias de aula, com a disciplina de anatomia, até os últimos semestres, quando entram em campo cadeiras como necropsia e patologia. Quem faz estágio em cirurgia animal, por exemplo, pode conferir de perto um procedimento, acompanhado de professores e sob olhar dos colegas. Durante as aulas, os universitários se dividem em grupos para analisar animais enquanto recebem lições sobre a medicina veterinária.
MERCADO
Os veterinários atuam em campos variados, com oportunidades de trabalho tanto em fazendas do Interior quanto em pet shops, além de empresas e laboratórios envolvidos com a produção animal. Vigilância, inspeção, saúde pública e clínica também fazem parte da atuação profissional. E, com atividades de preservação e análise, acabam contribuindo também para o bem-estar humano.
- Vocês sabiam que toda carne deve ser inspecionada por um veterinário? Eu não sabia quando entrei na faculdade - disse Marcelo às vestibulandas.
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