
Era uma vez uma cidadezinha medieval toda murada e repleta de canais cortados por pontes de pedras e ladeados por árvores, moinhos e belos jardins de tulipas. Aqui e ali, cisnes deslizavam elegantemente sobre espelhos dágua, e o aroma inconfundível de batatas e cervejas, misturados ao cheiro adocicado das flores e das inúmeras bancas de chocolates, aguçava o paladar. Um belo dia, o tempo na cidade parou e, alheio ao mundo ao redor, assim permaneceu por séculos até finalmente despertar nos dias atuais.
Leitores relatam suas viagens para a Bélgica, com destaque para a pequena Bruges
Saiba qual é o melhor horário para visitar a Torre Eiffel, em Paris
Confira algumas dicas sobre o que fazer em Dublin, na Irlanda
Nápoles, uma sedutora cidade de luz e trevas na Itália
A região do Algarve, em Portugal, tem belas praias e boa comida
Confira todas as notícias de viagem em ZH
Essa não é a verdadeira história de Bruges, capital da província de Flandres Ocidental, na Bélgica. No entanto, o parágrafo acima não se distancia muito da realidade. Conhecida como a "Veneza do Norte" devido aos seus inúmeros canais, Bruges foi uma das principais economias da Europa nos séculos 12 e 15, quando recebia comerciantes dos quatro cantos do mundo.
Um dia, os canais que ligavam a cidade ao mar foram assoreados, e o comércio entrou em decadência. A cidade ficou praticamente esquecida por 400 anos, o que favoreceu a preservação de sua rica arquitetura e dos costumes, até ser redescoberta pelos turistas. Em 2000, o centro histórico de Bruges foi tombado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco e, em 2002, o local ganhou o título de Capital Europeia da Cultura.
O turismo deu um novo impulso à economia local e, ao charme das vielas medievais, foram somados lojas de grifes, museus, galerias de arte, cafés, pubs, chocolateries de renome internacional, hotéis de luxo e restaurantes de alta gastronomia.
Tanto para os turistas que chegam apenas para passar o dia, vindos principalmente de Bruxelas (menos de uma hora de trem) e de Paris (cerca de duas horas e meia de trem), quanto para os que decidem aproveitar também a vida noturna local, alguns passeios são imperdíveis. O primeiro é caminhar ao longo do canal
Dijver até a Markt, praça principal da cidade, onde desponta o impressionante campanário do século 14. Cada lado da praça apresenta prédios de inúmeros estilos, erguidos em diferentes séculos.
Perto da Markt fica outra praça, Burg, que acolhe a prefeitura, chamada de Stadhuis, e muitas outras construções maravilhosas, como a Basílica do Sangue Sagrado, que guarda uma relíquia: um frasco com o sangue de Cristo.
As chocolateries são um capítulo à parte. Além das marcas belgas mais conhecidas, como Godiva e Neuhaus, há muitas outras, capitaneadas por chocolatiers criativos. Vale a pena se perder nas ruelas e degustar trufas de diferentes locais. Se preferir um petisco salgado, procure uma barraca que venda os cones com as batatas fritas, iguaria típica e imperdível. Depois, faça um passeio de carruagem pelas ruelas e um de barco pelos canais para admirar a cidade sob outra ótica. Termine o dia em um dos muitos pubs. A fama das cervejas belgas é merecida, e os garçons podem indicar as melhores.
*Maria Helena Dias Rocha é professora de história aposentada