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O empreendedorismo está em crescimento no Brasil. Segundo o Sebrae, entre 2007, a criação de novas empresas no país cresceu 421%. Nos últimos três anos, 41,8% das empresas foram abertas por pessoas entre 25 e 44 anos. Mas é o grupo que está próximo da aposentadoria ou já se aposentou que está alavancando esses números.
O principal motivo é que mesmo que o tempo de trabalho tenha chegado ao limite da hora convencional de parar, as pessoas ainda se sentem ativos, como aconteceu com Yamara Maria Rech Eichner. Depois de trabalhar como química em indústrias que produziam polímeros durante 27 anos, ao se aposentar ela se perguntou: "Vou passar o dia lendo e cuidando dos netos ou vou realizar algo que nunca tive a oportunidade de fazer?". Ela ficou com a segunda opção.
- Se eu fosse mais nova hoje, teria estudado engenharia de alimentos ou bioquímica, porque eu gosto muito dessas áreas. Então, peguei minha experiência na área e juntei com minha vontade em desenvolver produtos em nutracêutica e criei a empresa.
Há cinco anos, Yamara criou uma startup de óleos essenciais para a pele. Hoje, aos 59, ela vê com orgulho o caminho que resolveu trilhar na nova fase da vida. Durante o tempo que atuou como química, ela passou por cinco indústrias diferentes, desenvolveu produtos e coordenou laboratórios. Quando a aposentadoria chegou, ela achou que era muito nova para parar, mas já não sentia mais vontade de trabalhar presa no mesmo ambiente durante todo o dia.
- Eu planejei como gostaria que minha empresa crescesse. Organizei quanto precisaria investir de dinheiro e tempo e que tipo de apoio precisaria. Por isso, optei por ser uma startup.
Quando se aposentou, Yamara não tinha planos de criar uma empresa. Como também não pensava em parar, o tempo livre era o que ela precisava para planejar e colocar a "mão na massa".
- Primeiro eu procurei por um lugar que promovesse pesquisas em nutracêutica, pois posso me beneficiar dos resultados e da proximidade com outras pessoas da área.
Yamara elencou os passos e prioridades que precisava seguir para fazer a empresa crescer e, ainda assim, poder ter mais qualidade de vida. Por isso, ela dedica todas as manhãs para o escritório, que fica em São Leopoldo, e resolver questões de logística e contábeis. À tarde, é hora de estudar, visitar clientes e resolver imprevistos de compras.
- Minha vida melhorou 100%. Não fico mais presa a um horário cansativo e ocupo o dia da minha maneira. Faço algo que gosto e vale muito a pena.
A empreendedora cumpre todos os objetivos que planejou e sabe que é natural, às vezes, mudar de ideia e tentar outro caminho para chegar ao mesmo lugar. Ela aponta as questões que fez a si mesma antes de planejar o próprio futuro na empresa:
1. Que características devo manter e quais devo mudar?
Yamara sabia que não queria parar de trabalhar, mas também não tinha a intenção de dedicação integral. Por isso, ela pensou em uma estrutura que pudesse administrar e controlar e dependesse da minha vontade para crescer.
2. Como vou me adaptar?
A cada ano, a empresária lança, pelo menos, dois novos produtos e renova os antigos.
- O mercado muda e eu e meus produtos precisamos nos adaptar. A idade me trouxe experiência para saber quando e de que forma pedir ajuda. Muita coisa que eu imaginava não se mostrou real. Hoje eu tenho mais noção de que, se for necessário, voltar atrás em algumas decisões para seguir em frente.
3. O que eu sempre quis fazer?
Yamara estudou química porque, na época em que fez faculdade, ela não pode optar por bioquímica ou engenharia de alimentos. Com o passar dos anos, a empresária passou a se envolver com essas áreas e, quando decidiu que iria abrir o próprio negócio pegou a experiência em química e aplicou onde queria ter atuado.
- Na indústria, quando se é funcionário, não temos tempo de amadurecer essas ideias. fiz o que eu gostei até o último minuto. Hoje, sou uma pessoa melhor porque coloco em prática meus próprios projetos.
4. Que resultados eu quero ter?
Segundo o IBGE, entre 1980 e 2013, a expectativa do brasileiro aumentou 17,9%. Isso significa que é possível criar oportunidades e não se contentar com "tempo livre" que a aposentadoria sugere. A Global Entrepreneurship Monitor realizou uma pesquisa e apontou que 74% dos empresários acima de 55 anos empreendem por oportunidade. Foi o caso de Yamara. Ela sabia que os resultados financeiros não aparecem instaneamente depois do início da produção de sua criação.
- Depois que entendi isso, sabia que podia organizar a empresa do modo que sempre sonhei. A idade me trouxe paciência para não esperar respostas imediatas e para colocar minha mão em casa produto criado.