
Desde jovem, o canoense Paulo Garcia queria ter estudado inglês fora do país. Poucos anos antes da aposentadoria, o bancário resolveu se preparar para colocar em prática o sonho. Se matriculou num curso de inglês, organizou as férias com períodos de intensivos e, em um ano e meio, estava com passaporte e passagens na mão.
Durante três semanas, Garcia estudou inglês em Londres. A viagem aconteceu em julho deste ano. Aos 56 anos, era o mais experiente dos cinco colegas que embarcaram para a capital do Reino Unido. Lá descobriu que o intercâmbio depois dos 50 é muito mais comum do que imaginava.
- Me preparei por muito tempo. Quando eu tinha 20 anos, não tinha condições financeiras de estudar idiomas e viajar. Foi difícil chegar num país diferente e só falar inglês, mas logo me acostumei. Na minha turma, eu não era o mais velho, tinha uma colega italiana de 45 anos e um turno de 60. Em outros países, incluindo China e Índia, é comum estudar inglês no exterior com mais idade.
Mais do que fazer uma imersão antes na língua inglesa, Garcia correu atrás do passaporte, que não tinha ainda, da matrícula na escola londrina e da casa onde morou durante as semanas que viveu fora do Brasil.
- Fazer apenas curso de inglês não garante domínio do idioma. É preciso viver fora um tempo. quando minha filha mais nova começou a faculdade, nos organizamos para que ela pudesse passar oito meses na Austrália. Para ela, assim como foi para, nada se compara a essa experiência.
Mais do que viajar e conhecer novos lugares, o intercâmbio oferece inserção na cultura do país em que se vai estudar. A professora Valmiz Henkel acompanhou Paulo e seus quatro colegas brasileiros na viagem de estudos. Para a ela, a imersão é importante para aprender palavras usadas no dia a dia do país visitado.
- Muita gente que já passou dos 50 começaram a estudar inglês nos últimos anos. O crescimento é bastante perceptível. Eles querem viajar, querem contatar os familiares que foram morar em outros países, conversar com os netos - aponta.
A professora diz ainda que estudar em outro país é aceitar um desafio. Ela indica que a viagem seja feita cedo, antes da fluência.
- É melhor voltar falando bem do que ir já dominando o idioma. Assim, se vence medos e inseguranças de comunicação e relacionamento. Assim como o Paulo, muitas pessoas vão achando que não vão conseguir se expressar tão bem e se surpreendem com os diálogos mais profundos que já têm capacidade.