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Que estratégia você usaria para ter mais motivação na cura de uma doença, e ainda aumentar sua memória e percepção? Pois é possível conseguir isso por meio de um jogo. Ao desempenhar ações simples e positivas como demonstrar gratidão por alguém, olhar uma cena que estimule bons sentimentos ou movimentar seu corpo, você soma pontos, se fortalece ante os vilões e caminha rumo a uma vitória épica - que pode ser contra você mesmo.
Após sofrer um acidente que a deixou com uma lesão no cérebro e dificuldades de concentração, a especialista em jogos Jane McGonigal buscou nos games a motivação para superar esses problemas e se restabelecer. Foi assim que criou o SuperBetter, um jogo social de autoajuda em que os vilões são obstáculos encontrados pelo jogador em sua vida real.
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Essa visão dos games como algo útil - que vá além da diversão -, reforçada por pesquisas que mostram como jogar pode melhorar sua vida, deu origem à gamificação, processo usado como estratégia de mudança de comportamento em setores da educação, da saúde e, inclusive, em empresas. É uma forma de tornar o lúdico mais produtivo. Ou a produtividade mais lúdica.
Cenário de recompensas e realizações é adaptado
Estudo divulgado recentemente pelo instituto norte-americano de pesquisa New Media Consortium (NMC 2014) aponta que, entre as inovações previstas para os próximos cinco anos nas universidades, estão os aplicativos, o aprendizado móvel e a gamificação. A lógica é simples: a combinação de tarefas com desafios, feedbacks, laços de cooperação e recompensas que compõem o cenário de jogos é usada para motivar as pessoas a desempenhar ações de seu dia a dia. Como resultado, metas são atingidas de forma mais simples, leve e divertida, sejam elas para o trabalho ou para perder peso, por exemplo.
Assim como a gamedesigner Jane McGonigal, muitos especialistas acreditam que os jogos podem salvar o mundo pois, enquanto características como o engajamento e a satisfação são desejáveis no universo dos negócios, para os gamers elas são constantes.
O interesse intrínseco que move os jogadores é um dos fatores que levaram pesquisadores a adaptar games a atividades produtivas. Segundo Fernando Peña D'Andrea, sócio da Rockhead Games e professor de pós-graduação em Jogos Digitais na PUCRS, as pessoas precisam de motivações como o salário, por exemplo, para ir trabalhar, mas quando jogam, a atividade em si já basta. Seguindo essa lógica, a proposta da gamificação busca vincular itens interessantes dos jogos a algo que pode não ser tão atraente por si só.
Hélio Paz, professor do curso Comunicação Digital da Unisinos, defende o poder desse tipo de estratégia:
- Gamers podem resolver uma série de problemas da sociedade. A ideia é motivar colaboradores, amigos, parceiros para que haja mais eficiência, e que a rotina maçante seja quebrada de um ponto de vista mais lúdico.