
Ele não sabe ao certo quem foi Amarildo, o avante que entrou no lugar do protagonista da Seleção na Copa de 1962 e ficou na história do futebol brasileiro ao ser peça fundamental na conquista do bi. Mas já sabe do apelido. O chamam, agora, de Willian Amarildo. Guardadas as proporções entre Pelé e Neymar, o fato é que o camisa 10, considerado mais de meio time, está fora da Copa. Alguém haverá de ocupar o seu lugar na semifinal de terça-feira, contra a Alemanha. E, de novo, como sempre na carreira deste paulista de 25 anos, o destino parece conspirar a seu favor.
Com apenas 10 anos, ele já vestia a camisa do Corinthians. Em 2005, ainda com 16 anos, foi chamado para a Copa São Paulo de juniores. No ano seguinte, o técnico Emerson Leão se encantou pelo seu futebol metade veloz e driblador, metade articulador e de cadência, puxando-o para os profissionais.
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No ano seguinte, com 18 anos incompletos, já estava no Shakhtar Donetsk, onde ficou por cinco anos. Após uma breve passagem pelo Anzhi, da Rússia, chegou ao Chelsea. Aí sim, o mundo conheceu Willian Borges da Silva, fã de Ronaldinho ao ponto de assistir vídeos do ex-gremista para depois copiar jogadas. Sua principal marca é encarar desafios:
- Quando fui para a Ucrânia com 17 anos, não era exatamente o que eu sonhava. Mas eu queria jogar na Europa, e este era o caminho. Não pensei duas vezes e fui - disse Willian ainda no começo da preparação brasileira na Granja Comary.
Agora, o destino aponta o dedo para o pandeirista oficial da Seleção, de jeito tímido e orgulhoso do cabelo black power. São só cinco convocações. Nunca saiu jogando na Seleção nem em amistoso. Se a porta do destino se abriu pelo Leste Europeu para um adolescente que não titubeou antes de partir rumo a desconhecida Ucrânia, imagine agora. Trata-se de um enredo que nem o mais criativo dos cérebros poderia imaginar:
- Eu nunca fui titular na Seleção. A primeira vez numa semifinal de Copa seria realmente fantástico. Mal dá para acreditar - sorri Willian.
O entrosamento com Oscar, no Chelsea, conta a seu favor na briga com Bernard ou uma alternativa defensiva (Hernanes, Ramires ou Paulinho). O esquema tático do clube inglês é o mesmo adotado pela Seleção. No treino dos reservas contra o sub-20 do Fluminense, neste domingo, vencido por 3 a 0, ele deu show. Construiu dois gols. Em um deles, entrou a drible da esquerda para a direita, exatamente na faixa de campo onde joga Neymar. Desencavou espaço do nada e serviu Bernard, que cruzou na cabeça de Ramires. Assim como o camisa 10, bateu todos os escanteios. Por orientação do técnico Luiz Felipe Scolari, trabalhou taticamente como se fosse Neymar. Mas sua timidez não o impede de, com personalidade, sublinhar diferenças:
- O futebol dele (Neymar) é incomparável. Mas ele é mais atacante e goleador. Eu, mais armador e garçom.
Até o pênalti perdido contra o Chile serviu de aprendizado. Pode ter sido outra armadilha do destino a conspirar a seu favor.
- O pênalti perdido me ajudou a amadurecer. O fato é que estou pronto. E confiante. Se eu for o escolhido, estou preparado - garante.
Tudo bem que está difícil encontrar o Garrincha, o Didi ou o Nilton Santos de 1962, mas ao menos o enredo de Amarildo conspira em favor de Willian.
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