
Até terça-feira, o Rio Grande do Sul deve atingir uma marca impressionante: em algum ponto, um motorista irá emplacar o veículo de número 6 milhões e sair a cruzar ruas, avenidas e estradas gaúchas. Hoje, há um carro, moto, caminhão ou ônibus para cada 1,8 habitante do Estado, uma relação mais expressiva do que a média nacional, de 2,12 pessoas por veículo.
O dado mais atualizado do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS), colhido na quinta- feira, apontava 5,98 milhões de veículos. E não é difícil entender como se chegou a esse número: a cada mês, são mais de 20 mil novos emplacamentos. A marca histórica impõe reflexões sobre o planejamento urbano - há grande concentração de carros nas maiores cidades - para comportar tamanho aumento de fluxo.
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O crescimento da frota gaúcha ganhou impulso em meados de 2008, quando a marca de 4 milhões de veículos foi batida. Em julho daquele ano, completava-se 1 milhão de novos emplacamentos no Estado em um intervalo de oito anos. Para se ter uma ideia, apenas três anos e meio depois, a barreira dos 5 milhões era batida, em dezembro de 2011. Agora, o período foi ainda menor: em dezembro de 2014, após três anos, um novo milhão estará nas ruas.
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado há dois anos já dava sinais do inchaço da frota no RS. O levantamento mostrou o impacto do aumento no número de veículos no dia a dia das famílias - seis em cada 10 das pesquisadas tinham condução própria. Além disso, revelou que o tempo médio gasto no deslocamento de casa para o trabalho era de 30 minutos na Capital.
Presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Ailton Brasiliense ratifica a opinião de especialistas em trânsito e transporte: a opção pelo carro em detrimento do ônibus ou outros meios, como a bicicleta, se dá pela má qualidade dos serviços e pela falta de estrutura das cidades.
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Para Brasiliense, a qualidade dos serviços não acompanhou o desenvolvimento do país e a evolução da renda do brasileiro nos últimos anos porque os recursos não foram bem investidos. Presidente do Sindicato de Concessionárias e Distribuidores de Veículos (Sincodiv), Fernando Esbroglio discorda de visões que colocam o carro como vilão da sociedade. Ele acredita que o aumento da frota é sinônimo de geração de emprego e renda.
- Onde tem progresso, tem engarrafamento - pontua.
Conforme o Ministério de Minas e Energia, os atuais 85 milhões de veículos do país devem chegar a 130 milhões em 2050. Ou seja: caso a proporção atual se mantenha, o Estado poderá responder por 9 milhões desse total.