
Sensibilizada com a violência e frieza envoltas na morte do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, a dona de casa Maria de Fátima Ramos, 53 anos, saiu de Caxias do Sul, na Serra, e veio pedir justiça em Três Passos. Ela pesquisou hotel, pintou uma faixa e pegou a estrada para se juntar a um protesto que ocorreu na manhã desta terça-feira na cidade. Dezenas de pessoas, a maioria jovens, carregaram cartazes com o rosto do menino e pediram justiça cantando o refrão "calar a boca nunca mais". Em silêncio, moradores locais acompanharam a caminhada, alguns visivelmente emocionados.
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- Não quero que aconteça um crime bárbaro com outros Bernardos. O que fizeram com esse menino é inaceitável. Onde existir uma voz, as coisas funcionam. Temos que falar, sair. Eu não consigo me calar. Se estivesse só eu aqui, estaria bem igual. As flores que ganhei no Dia das Mães, coloquei em frente à casa onde Bernardo morava - disse Maria de Fátima Ramos.
O grupo protestou no dia em que a Polícia Civil anuncia a conclusão do inquérito sobre a morte de Bernardo. O pai do garoto, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz devem ser indiciados por homicídio qualificado. Além dos três, Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia - preso no último sábado suspeito de cavar a cova onde o menino foi enterrado - também deve ser indiciado.
O ato teve o apoio de uma família de Horizontina, que cobra a prisão dos envolvidos na morte de Bibiana Canova Zarth, 32 anos, ocorrida na madrugada do dia 6 de dezembro de 2013. A melhor amiga dela empunhava uma faixa clamando o basta à violência.
- Deram um tiro na cabeça dela. Quanto mais o tempo passa, pior está sendo. Precisamos de respostas. Nos unimos na corrente do Bê por causa dessa dor. Ninguém quer perder uma pessoa que ama, ainda mais uma criança. A impunidade deve ser extinta - falou Luciane Cardoso.
O protesto, organizado por uma escola municipal de Três Passos, se encerrou em frente ao Fórum do município com um recado à Justiça: "a minha dor ainda está crua, está na rua. Quero gritar, próxima esquina: a minha dor está na rua, ainda crua".
*Zero Hora