O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli disse nesta terça-feira que a aquisição da Refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006, foi um bom negócio na época. Segundo ele, o empreendimento passou por momentos ruins e voltou a ser uma boa aquisição. Ele depõe na comissão parlamentar de inquérito do Senado, formada para investigar irregularidades na estatal.
De acordo com Gabrielli, os momentos ruins da refinaria foram vividos durante a crise econômica mundial e da mudança do mercado de petróleo com a descoberta do gás de xisto em território americano. Segundo o executivo, a situação mudou novamente em 2013 e, agora, trata-se de uma unidade lucrativa. O aumento da rentabilidade se deve, principalmente, à existência de óleo leve e barato no Texas para ser processado.
- Essa empresa não pode ser qualificada como uma empresa mal gerida, como uma empresa que está em crise. Isso é campanha de oposição. Isso é luta política - afirmou.
Em abril, ao participar de audiência na Câmara, Gabrielli já havia informado que a compra de Pasadena era, naquele momento, um bom negócio para a estatal brasileira. Disse também que a empreitada atendia ao plano estratégico da empresa e que o preço pago foi o de mercado. Ainda na Câmara dos Deputados, o ex-presidente da Petrobras admitiu que todos os detalhes do negócio não eram conhecidos por todos os integrantes do conselho de administração da estatal, que à época era presidido pela então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
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Sem a presença de parlamentares de oposição, Gabrielli, que esteve à frente da Petrobras entre 2005 e 2011, é o primeiro a depor na CPI da Petrobras, no Senado. A comissão investiga, ainda, a possibilidade de a companhia holandesa SMB Offshore ter subornado funcionários da Petrobras para fechar contratos com a estatal brasileira, além de indícios de segurança precária nas plataformas marítimas.
A ausência da oposição no depoimento foi considerada desrespeitosa pelo relator da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras, José Pimentel (PT-CE). Em entrevista logo após o final da fala do ex-presidente da estatal, o petista disse que a base aliada cumpriu a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de instalar a CPI encabeçada pelo pré-candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves.
- Um desrespeito são aqueles que apresentam um projeto de CPI, vão ao Supremo, têm ganho de causa e não indicam os seus membros - disse.
O próximo convocado a depor na CPI é o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Ele deve falar na próxima quinta-feira, às 10h15min. No dia 27 de maio será a vez da atual presidente da estatal, Graça Foster. O requerimento para que ela seja ouvida foi aprovado na última quarta-feira, junto com outros 74.
Indicação de Nomes para CPI Mista
Líderes da base aliada do governo no Senado e na Câmara têm a missão de definir nomes para a Comissão Parlamentar Mista (CPIM) da Petrobras. Em reunião durante a manhã desta terça-feira, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Ricardo Berzoini, conversou com os parlamentares sobre o tema e os projetos que devem dominar a pauta da semana.
Nesta terça-feira termina prazo para que o PT e o PROS concluam a lista de deputados integrantes da comissão mista. Como querem os partidos de oposição, os nomes para a comissão mista devem ser indicados mesmo com a CPI exclusiva do Senado já em andamento.
Em duas reuniões separadas, Berzoini tratou das indicações com os senadores líderes do PT no Senado e com deputados da base aliada. Após o encontro, o líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), disse que a definição dos dois parlamentares efetivos e dos dois suplentes será feita pelo partido. Segundo o deputado, os nomes estão praticamente fechados.
- Ainda estamos avaliando alguns critérios - disse. A disponibilidade de dedicação aos trabalhos da CPI foi apontada como a maior preocupação do líder.
- Como estamos em ano eleitoral, temos que escolher um (parlamentar) que esteja disposto (a se dedicar) - frisou. Ainda assim, Vicentinho disse que não vai descartar nomes de parlamentares que estejam na disputa eleitoral.
O líder do PT evitou indicar tendências do partido e não descartou nomes como o de José Guimarães (CE) que foi líder do PT na Casa no ano passado. Segundo ele, os nomes serão divulgados dentro do prazo.
- Termina hoje e pode ser adiado - resumiu, ao afastar a possibilidade de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) fazer as indicações caso o partido não conclua a lista ainda hoje.
A sessão desta terça-feira no Congresso também pode marcar a abertura do prazo de indicações dos nomes para a CPI dos Trens e Metrôs, após o requerimento da comissão ter sido lido na sessão passada.
* Zero Hora, com agências
