
Em um período de dois dias, o Rio Grande do Sul pode ter sido atingido por dois tornados. Apoiado em fotos e relatos de moradores de Ibarama, no Vale do Rio Pardo, e Rosário do Sul, na Fronteira Oeste, meteorologista da Somar acredita que o fenômeno, caracterizado por ser um redemoinho em forma de espiral e funil, atingiu os municípios nos últimos dias.
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Na última sexta-feira, duas localidades de Rosário do Sul viveram momentos de pânico. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o vento se intensificou por volta das 19h40min e teria durado cerca de três minutos. Embora rápido, o fenômeno causou muitos estragos. Casas e galpões destelhados, cercas caídas, máquinas agrícolas danificadas e árvores arrancadas pela raiz e quebradas ao meio.
No dia anterior, a cerca de 240 quilômetros de Rosário, o município de 4,5 mil habitantes de Ibarama também foi devastado em poucos minutos. O saldo foi de 110 postes de energia derrubados, matas de araucárias e de eucaliptos devastadas, um posto de combustíveis retorcido e cerca de 170 casas destelhadas, sem contar a igreja, a única escola estadual, que deve ser interditada, e o comércio.
Para o meteorologista Celso Oliveira, três características permitem acreditar que as cidades foram atingidas por tornados:
- Árvores quebradas ao meio, estruturas retorcidas e, principalmente, quando você enxerga o rastro de destruição bem definido. Isso tudo é típico de tornado e é bem visível nas fotos e pelo relato de moradores a que tive acesso - afirma Oliveira.
Pelas fotos áreas feitas em Ibarama, dias depois, pelo comandante dos Bombeiros Voluntário de Sobradinho, Emelson Paulo Weber, o meteorologista afirma que fica evidente o fenômeno porque há uma mata com árvores quebradas e casas destelhadas e, logo ao lado, imóveis intactos e árvores inteiras.
Outros aspectos que reforçam a hipótese é o barulho descrito por algumas testemunhas, que é semelhante a de um avião, bem alto, e a curta duração do fenômeno.
Segundo ele, o fenômeno não é raro no RS, já que o Estado, assim como Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso, junto com o norte da Argentina e Paraguai, faz parte do chamado corredor de tornados da América do Sul. A área, no entanto, é menos atingida em quantidade e intensidade do que o corredor da América do Norte, no meio-oeste americano.
- É importante dizer que não é algo que está mais comum ou que vai acontecer cada vez mais. Os tornados são fenômenos circunstanciais, assim como a chuva, o granizo, os ventos e as trovoadas, provocados por causa do bloqueio atmosférico e da frente fria que estacionou por muito tempo sobre o Rio Grande do Sul - explica o meteorologista.
Segundo especialistas, o tornado é o fenômeno mais destrutivo de todas as perturbações atmosféricas, apesar de a área ser mais limitada que a dos furacões, com diâmetro geralmente menor que dois quilômetros.
Veja onde ficam as cidades: