
A ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza, retomada após o lançamento de foguetes contra seu território, matou, nesta sexta-feira, cinco palestinos. Dentre as vítimas, um menino de 10 morto pouco depois do fim de uma trégua que Israel e os palestinos não entraram de acordo para prorrogar.
Após a expiração às 8h locais (2h de Brasília) de uma trégua de três dias, os bombardeios israelenses deixaram uma primeira vítima fatal no reduto palestino, um menino de 10 anos, indicaram os serviços de emergência palestinos.
O exército informou durante a manhã ter atacado instalações terroristas na Faixa de Gaza, em resposta ao lançamento de foguetes a partir do território palestino contra Israel, embora tenha informado que até o momento não mobilizou tropas.
Leia todas as notícias de Zero Hora
Entenda a origem da crise entre judeus e palestinos na Faixa de Gaza
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia ordenado pouco antes uma resposta contundente aos novos ataques do movimento islamita palestino Hamas.
O exército israelense registrou o lançamento de 30 foguetes contra seu território a partir das 8h e interceptou um deles em Ashkelon (sul). Um soldado e um civil israelenses ficaram levemente feridos por um foguete no sul de Israel.
Na manhã de sexta-feira, milhares de moradores de Gaza começaram a fugir de suas casas do leste da cidade de Gaza diante do temor de novos bombardeios israelenses, indicaram várias testemunhas e um jornalista no local.
A ofensiva israelense Barreira Protetora, lançada no dia 8 de julho para deter o lançamento de foguetes por parte do Hamas e destruir sua rede de túneis, matou quase 1,9 mil palestinos, entre eles 430 menores, segundo o ministério da Saúde palestino. Segundo as Nações Unidas, 73% dos falecidos são civis.
Além disso, 64 soldados israelenses morreram e os foguetes lançados de Gaza mataram três civis em território israelense.
Antes da expiração da trégua, o Hamas e seus aliados da Jihad Islâmica rejeitaram uma eventual prolongação do cessar-fogo.
- Os movimentos palestinos rejeitam prolongar a trégua - declarou Fawzi Barhum, porta-voz do Hamas em Gaza.
No entanto, segundo o líder dos negociadores palestinos no Cairo, eles continuam dispostos a negociar uma trégua na Faixa de Gaza.
- Dissemos aos (mediadores) egípcios que continuamos aqui para alcançar um acordo final que restaure os direitos dos palestinos - disse Azam al-Ahmed.
Já um funcionário israelense, que pediu o anonimato, afirmou que Israel se recusa a negociar enquanto prosseguirem os disparos de foguetes de Gaza em direção ao seu território.
O Hamas já havia anunciado no Cairo que não aceitaria uma prolongação da trégua se Israel rejeitasse suas exigências, entre elas o levantamento do bloqueio imposto à Faixa de Gaza em 2006, que asfixia a economia local.
Um membro do Hamas, que participa das negociações, relatou que Israel rejeitou levantar este bloqueio. Os israelenses temem que com sua retirada entrem em Gaza homens e material que possam prejudicá-los.
Por sua vez, Israel, que deseja ditar seus termos nas negociações para não parecer que cede às reivindicações do Hamas, afirmou que seu exército estava disposto a responder a qualquer eventualidade.
- Não estou certo de que a batalha tenha terminado - comentou na quinta-feira Netanyahu à rede americana Fox News.
Nesta sexta-feira, o Egito, país mediador do conflito, pediu que israelenses e palestinos retomem as negociações para alcançar uma nova trégua, afirmando que apenas algumas divergências precisam ser resolvidas.
Tirania do Hamas
- Tudo depende se querem continuar esta batalha. Eu penso que devemos encontrar uma solução pacífica, se for possível - garantiu o primeiro-ministro israelense, para quem Israel não tem "nada contra as pessoas de Gaza" e quer ajudar a libertá-las da tirania do Hamas.
O braço armado do Hamas havia convocado a partir de Gaza a delegação palestina no Cairo a não aceitar um cessar-fogo se suas demandas não fossem atendidas e disse estar "disposto a se lançar de novo à batalha".
O porta-voz das brigadas Al-Qasam, Abu Obaida, expôs como primeira exigência de sua organização a construção de um porto marítimo. Exigiu também "um fim real da agressão israelense e um verdadeiro levantamento do cerco".
A guerra também pulverizou a economia, já debilitada, da Faixa de Gaza, um pequeno território de 360 km2 no qual 1,8 milhão de pessoas tentam sobreviver ao bloqueio imposto por Israel.
*AFP