Ele é quase sessentão, não voa há décadas e já havia sido rejeitado em outro leilão promovido pelo Estado. Dessa vez, foi diferente. O que sobrou do avião Champion AR-58, de1956, finalmente encontrou um comprador nesta terça-feira, em Porto Alegre. E não foi qualquer comprador.
Empresário do ramo do calcário em Caçapava do Sul, Dagoberto Barcellos Neto, 55 anos, desembolsou R$ 19,2 mil pela aeronave - cujo lance inicial era de R$ 9,8 mil - com um objetivo incomum.
- Meu pai é louco por aviões, já montou cinco, e está internado. Era para ele vir comigo, mas infelizmente não deu. Decidi comprar mesmo assim, porque quero que ele fique bom logo e me ajude a reformá-lo - disse ele, com lágrimas nos olhos.
Leia as últimas notícias de Zero Hora
O pai do empresário chama-se Dagoberto Barcellos Filho, tem 83 anos e está no Hospital Moinhos de Vento em função de uma trombose.
Segundo o filho, chegou a ver o AR-58 voando no passado, quando ainda pertencia a um circo argentino e era usado para fazer propaganda. Isso ocorria por meio de alto-falantes instalados no casco: o aeroplano voava baixo e, por meio de informes sonoros, divulgava os espetáculos nas cidades do interior.
Com documentação irregular, acabou apreendido pela Receita Federal e, nos anos 1990, foi doado ao Estado. Passou a ser usado, conforme o tenente-coronel Márcio Roberto Gaudino, comandante do Batalhão de Aviação da Brigada Militar, no treinamento de mecânicos. Nunca mais decolou. Agora, a família Barcellos sonha em fazê-lo voar outra vez.
