
O exército israelense anunciou a retomada da ofensiva contra a Faixa de Gaza, nesta segunda-feira, sete horas após a trégua decretada unilateralmente por Israel. Apesar dos apelos internacionais, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, informou que a ofensiva continuará até o "restabelecimento da segurança" do Estado hebreu.
- A campanha em Gaza continuará (...) e só terminará quando os cidadãos de Israel tiverem calma e segurança de maneira prolongada - afirmou Netanyahu, em comunicado.
O cessar-fogo teve início às 10h (horário local, 4h em Brasília) e coincidiu com o início de uma operação do Exército de Israel para a retirada de tropas terrestres. Não se sabe, no entanto, se todos os soldados serão retirados da região. A trégua foi recebida com desconfiaça pelo Hamas, que alertou palestinos a "terem precaução máxima" ao sair das suas habitações.
Olhar Global: carta aberta a Gustavo Ioschpe
Entenda a origem da crise entre judeus e palestinos na Faixa de Gaza
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
Minutos após o início do cessar-fogo, uma criança de oito anos morreu e 30 pessoas ficaram feridas em ataque a um campo de refugiados de Shati, informou o porta-voz dos serviços de emergência palestinos, Ashraf al-Qudra. Testemunhas disseram que foi um ataque aéreo de Israel, mas o Exército israelense não comentou o incidente, informando apenas que investigaria o caso.
Todas as sete tréguas antecedentes foram quebradas _ sendo a última em 1º de agosto, aceita por Israel e pelo Hamas, com duração de apenas duas horas. Segundo Sami Abou Zouhri, porta-voz do Hamas, o "cessar-fogo unilateral não é mais que uma tentativa de Israel de tirar atenção aos massacres que comete".
De acordo com fontes locais, morreram pelo menos 1.822 palestinos desde o início do conflito em 8 de julho. Do lado israelense, morreram 64 soldados e três civis. Em comunicado, o primeiro-ministro de Israel declarou que, ao contrário do que afirma o Hamas, o grupo tem lançado mísseis a alvo civis israelenses. O comunicado diz ainda que Israel não quer matar civis palestinos.
Sem designar expressamente Israel como responsável, a ONU e Washington sublinharam que o exército israelense está bem informado quanto à localização de refugiados das Nações Unidas, e mostraram-se "consternados" devido aos "bombardeamentos vergonhosos" de Israel.
- É um escândalo do ponto de vista moral e um ato criminoso - afirmou Ban Ki-Moon, o secretário-geral das Nações Unidas.
Israel acusa o Hamas de se servir de civis como escudos humanos e de usar escolas e hospitais para lançar mísseis contra Israel.
* AFP