
Com seis metros de largura e três de altura, um outdoor com a imagem de Bernardo e os dizeres "não nos cansaremos de lutar por você" irá reforçar o pedido de justiça pela morte do menino em Três Passos. Já em produção em uma gráfica de Três de Maio, a estrutura nasceu da mobilização de pessoas sensibilizadas pelo caso que se reuniram pelas redes sociais - e será instalada no trevo de acesso ao município onde a família morava nos próximos dias.
Responsável pela produção, o proprietário da gráfica Aldir Waecher, 35 anos, nem conhecia o garoto franzino morto e enterrado em uma cova rasa em abril. Porém, após a retirada de parte dos cartazes e flores que relembravam o menino da frente à casa da família Boldrini na semana passada, o empresário se mobilizou.
"Era óbvio que ele era maltratado, mas não falava nada", diz
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Foram 16 banners e cartazes produzidos gratuitamente e outros tantos feitos apenas a preço de custo. A iniciativa do outdoor surgiu em um dos grupos em memória a Bernardo no Facebook e, em três dias, os R$ 1,2 mil necessários para a confecção foram angariados. O preço normal seria R$ 3,6 mil, garante Waecher.
- Nós estamos respirando Bernardo - diz o proprietário da gráfica.
Além da espécie de altar montado na grade da residência da família, pelo menos 20 cartazes estão espalhados em outros endereços em Três Passos.
A data do início da produção do outdoor, na quarta-feira, coincidiu com a primeira audiência que ouviu testemunhas de defesa dos quatro réus no processo no município - além do pai Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini, a assistente social Edelvânia Wirganovicz e o irmão, Evandro, são acusados de participação no crime. Os quatro estão presos.
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Na audiência desta quarta-feira, oito pessoas foram ouvidas - e, apesar de ter sido convocada pela antiga defesa de Leandro, parte delas confirmou os indícios de maus-tratos sofridos por Bernardo. Uma foi a psicóloga Ariane Schmitt, que atendeu ao menino em duas oportunidades.
- Era óbvio que ele era maltratado, mas não falava nada - disse.
Já uma ex-funcionária do médico, a técnica em enfermagem Marlise Cecília Renz, contrariou a tese afirmando que o pai era amoroso com o filho. Também foram ouvidos o agente penitenciário de Três Passos Jorge Turra; a professora Ivete Ursulina Hermann, que passou por uma cirurgia feita por Leandro; uma ex-babá de Bernardo, Elaine Roder Pinto - a quem o menino contou a tentativa de asfixia por parte da madrasta -; e os médicos colegas de Leandro Conar Heck Weiller, Milton Sartori e Danilo Antonio Cerutti. Estava prevista a oitiva de outras cinco pessoas, que acabaram liberadas.
A partir das 9h desta quinta-feira, outras 11 testemunhas de defesa prestarão depoimento no Fórum de Três Passos.
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