
Uma das principais preocupações do governador eleito José Ivo Sartori (PMDB), o balanço das finanças no Rio Grande do Sul fechará o ano de 2014, mais uma vez, no vermelho. Projeções preliminares do secretário da Fazenda, Odir Tonollier, indicam que o déficit do período ficará próximo de R$ 1,5 bilhão, valor inferior ao calculado por especialistas em contas públicas.
Com os dados informados por Tonollier, o governo Tarso Genro (PT) fechará os quatro anos de gestão com um déficit acumulado de pelo menos R$ 4,2 bilhões. Já os saques dos depósitos judiciais - conta do Judiciário que centraliza valores atrelados a partes litigantes em processos - chegam ao fim do mandato somando R$ 5,6 bilhões. O montante ajudou o Piratini a quitar despesas gerais, diminuindo o tamanho dos déficits.
- Ainda temos de esperar o ingresso de uma série de receitas em novembro e dezembro, mas não será diferente do ano passado. Vai ficar (o déficit) em torno de R$ 1,5 bilhão - destacou Tonollier.
Ao falar sobre as projeções para este ano, ele citou como parâmetro as contas de 2013, quando as despesas superaram as receitas em R$ 1,394 bilhão. Em crise financeira, o Rio Grande do Sul deverá enfrentar dificuldades em 2015 até mesmo para quitar a folha de pagamento.
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O secretário fez a declaração na manhã desta sexta-feira, na Casa Civil do Palácio Piratini, após a primeira reunião de transição entre as equipes de Tarso e do governador eleito. Os representantes de Sartori, contudo, deixaram a reunião sem informações financeiras. Marcado pelo tom cordial, o encontro teve caráter organizativo. Foi definido que as equipes de transição de governo começarão a trabalhar a partir da tarde da próxima segunda-feira, no centro de treinamento da Procergs, na zona sul de Porto Alegre. Sartori deverá nomear até 30 técnicos para aprofundar as análises de números, convênios e projetos em andamento, enquanto o núcleo político de transição se reunirá uma vez por semana.
Escolhido entre os representantes de Sartori para falar à imprensa, o ex-prefeito José Fogaça explicou que o foco é ter o conhecimento amplo da gestão para evitar a interrupção na prestação de serviços a partir da posse do governo eleito, em 1º de janeiro. Mas, ao detalhar assuntos, não deixou de revelar a preocupação com as contas públicas.
- O núcleo, o coração, está na questão financeira e no planejamento. Essa é uma questão central e estratégica de qualquer governo novo: como enfrentar os primeiros meses de administração - disse Fogaça.
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Também foi acordado que os pedidos de informação dos representantes de Sartori serão feitos por meio de ofícios. Dois servidores do governo Tarso - o assessor da Casa Civil Fausto Loureiro e o secretário adjunto do Conselhão, Zelmute Marten - serão deslocados para ficar permanentemente na Procergs, atendendo às demandas do governo eleito. Na semana que vem, um encontro reservado entre Tarso e Sartori deverá ser agendado para ocorrer no Piratini.
- A orientação do governador Tarso é muito clara. Seremos o mais transparentes e ágeis possível na prestação de informações - afirmou o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, coordenador do processo de transição.
Ele assegurou que está à disposição para enviar projetos de lei de interesse de Sartori à Assembleia antes do final do ano, caso haja solicitação do governo eleito.