
Com caminhões retidos em rodovias gaúchas desde o final de semana, o desabastecimento - principalmente de combustíveis - se agrava no Estado nesta quinta-feira. Postos de municípios das Missões e das regiões Norte e Sul são os mais afetados pela falta de gasolina.
Em uma rede de Pelotas, os quatro postos tiveram as bombas secas na noite de quarta-feira. Na terça, filas de motoristas ansiosos por garantir o tanque cheio se formaram nos estabelecimentos. Uma das principais redes de transporte coletivo do Sul do Estado, a Expresso Embaixador, teve de recorrer ao abastecimento em outros municípios para não interromper o serviço.
- Se tivéssemos de usar apenas o combustível que tínhamos em estoque, duraria até o fim do dia e, pela manhã de sexta-feira, estaríamos parando - afirma o superintendente da empresa, Pedro Bosenbecker.
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Na sede da Embaixador, em Pelotas, o último caminhão de abastecimento de combustível foi avistado na sexta-feira. Em um posto de Santa Rosa, no Noroeste, a gasolina comum e aditivada terminou há dois dias - mas ainda resta etanol e diesel nas bombas. Outro estabelecimento que chegou a registrar filas de 30 carros para abastecer só está oferecendo a gasolina aditivada.
O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes não atua com a regulação dos preços, mas o presidente Adão Oliveira condena o aumento do preço da gasolina em função do desabastecimento. Em Santa Rosa, a carência de diesel coloca em risco o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). As duas ambulâncias e a motoambulância da cidade tiveram o tanque completo na quarta-feira - e, a partir de agora, não tem onde abastecer novamente. Uma das alternativas, caso se mantenha o desabastecimento, será utilizar o combustível reservado para o gerador do Hospital Vida e Saúde.
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Na instituição, nenhum dos materiais e medicamentos - como soro, seringas e antibióticos - encomendados chegou nesta semana, mas o estoque foi suficiente para tapar o buraco. A partir da próxima semana, o atendimento "é uma incógnita, já que a reserva deve durar até segunda ou terça-feira", diz uma funcionária. A situação mais crítica é a do suprimento de quimioterápicos, que não costumam ser comprados semanalmente.
Já a Ceasa de Porto Alegre tem uma quinta-feira tranquila apesar dos protestos. Até o momento, não há falta de nenhum produto. Com a chegada de fornecedores e compradores que conseguiram driblar bloqueios, não há razão para aumento de preços, afirma o diretor técnico operacional da Ceasa, Gerson Madrugada da Silva:
- A lei da oferta e da procura está normal. O que pode haver é a alta no preço de produtos pontuais em função do ambiente que se formou.
Se a movimentação de caminhoneiros persistir nas rodovias do país, frutas tropicais - como manga e mamão -, transportadas de outros Estados, podem acabar no Rio Grande do Sul. O estoque gaúcho costuma durar entre cinco e 10 dias, e, caso não haja reposição, terminaria na terça-feira.
Na Ceasa, não há falta de frutas, verduras e legumes até o momento
Foto: Tadeu Vilani / Agência RBS
* Zero Hora
