
Enquanto muita gente procura um incentivo para deixar o sedentarismo de lado, sem nem sair de casa, Guadalupe Albuquerque, 31 anos, encontrou dois - com direito a focinho e tudo. A balança deu um sério alerta no começo do ano, e a publicitária resolveu que iniciaria um projeto sólido de redução de peso, passando a caminhar com os vira-latas Fuca, três anos, e Quinzé, dois.
Assim como Guadalupe, você já pensou em resgatar o tênis no armário, vestir uma roupa confortável e aproveitar o passeio diário com o cachorro para se exercitar também? De acordo com Luiz Fernando Kruel, educador físico e professor da UFRGS, essa caminhada, mesmo que realizada por 20 ou 30 minutos, já serve para diminuir o risco de doenças - principalmente, cardíacas - em quem está totalmente sedentário. Pessoas com melhor condicionamento físico devem escolher um pet que possa lhe acompanhar em exercícios de maior nível de intensidade, ressalta Kruel. O professor lembra que corria diariamente com o seu pastor alemão. Agora, sua família tem um poodle, que sofreria com o esforço excessivo.
Hoje, com 26 quilos a menos, Guadalupe corre cerca de quatro quilômetros com eles três vezes por semana - além das três caminhadas por dia e dos passeios de bicicleta ao final de semana:
- Quando eu estava com 115 quilos, era depressiva. Eles me colocaram no ritmo.
Os mascotes até já sabem quando vão sair para a atividade física. Guadalupe começa a colocar os tênis e eles se agitam: Fuca espera do lado das guias, e Quinzé se põe a incomodar os gatos da casa, como se provocasse: "Eu vou sair e vocês não".
A preparação dos mascotes
O veterinário Rodrigo Lorenzoni atesta para a necessidade de hidratar o cão e de prestar atenção a horários adequados para a atividade. Lembra, ainda, que não é indicado levá-lo para caminhar em asfalto ou outras superfícies muito quentes, o que pode provocar queimadura nas patas. A alimentação também é fator importante a ser observado: o ideal é que o animal receba comida cerca de duas horas antes da atividade. Os que correm logo após serem alimentados podem sofrer torção gástrica: o estômago cheio pode se torcer, ocasionando até mesmo a morte do animal.
Ele lembra que, como os humanos, os cães também precisam de preparação para fazer exercícios mais intensos. Se o dono fizer o cão sedentário correr de repente, vai colocá-lo em risco. Deve-se, então, começar aos poucos.
Quais podem ser parceiros na atividade?
Não são todas as raças que podem fazer exercícios mais pegados, como corrida, segundo o veterinário Rodrigo Lorenzoni
- As mais indicadas para exercícios são as de porte grande ou médio, mas com pelagem mais curta, como labradores e beagles. Já as de porte gigante, como são bernardo e dinamarquês, não são as melhores opções.
- Cachorros como buldogue, boxer, shitsu, pequinês e outros com focinho para dentro têm mais dificuldade para fazer a troca respiratória, então não podem ser submetidos a exercícios muito intensos e necessitam de ainda mais cuidado com temperatura.
- Cães com origem de raça de frio ou pelagem mais longa, como husky siberiano, yorkshire e poodle, não são indicados para atividades físicas intensas, principalmente no verão.
- Animais com a pelagem muito clara são mais suscetíveis a queimaduras. Se não é possível evitar a exposição do animal em horários de sol forte, pode-se utilizar o protetor solar específico para cachorros. Áreas como orelha e focinho são as de maior atenção.
Atividades físicas de lazer trazem bem-estar
O Estudo Bem-Estar, iniciativa da Unimed Porto Alegre, avaliou a relação entre a prática de atividades físicas e o nível de bem-estar dos porto-alegrenses. Segundo a pesquisa, somente os grupos de pessoas com maior índice em atividades de lazer (exercícios físicos planejados, esportes, corrida, dança, entre outros) apresentaram maiores níveis de bem-estar.
Ainda segundo a pesquisa, as atividade físicas ocupacionais (ligadas basicamente às exigências do trabalho) não oferecem benefícios perceptíveis para o bem-estar.