Alisson está rindo à toa. Mas não é à toa que o goleiro do Inter chegou onde está. Titular neste domingo contra o Goiás, no Beira-Rio, o irmão de Muriel mostrou a segurança que Abel Braga procurava, colocou o multicampeão Dida na reserva e, possivelmente, acabou com a incessante busca por um camisa 1 incontestável.
Aos 22 anos e cria do Beira-Rio desde os 10, Alisson, hoje, se sente pronto para assumir a posição que ocupa. Vê a instabilidade e lesão do ano passado como um aprendizado. Quando pode, faz questão de prestigiar os amigos do sub-23, que disputam a Copa do Brasil na categoria, como foi o caso de quinta-feira.
Nas horas de folga, o goleirão de 1,93m costuma trocar as luvas pelo violão, e ataca no sertanejo. Confira o bate-papo:
O empate em 1 a 1 diante do São Paulo, no Morumbi, com aquela defesa do chute do Lucão, foi uma espécie de batismo?
Foi um grande jogo. Antes de entrar em campo, pensei: "caramba, vou jogar no Morumbi, contra o Rogério Ceni, Kaká, Luís Fabiano, Kardec". O lance foi muito rápido. Ele chutou em cima de mim, e eu consegui tirar. A bola sobrou para frente, no pé dele. Assim, como eu caí, levantei. Pela adrenalina, não senti (a bolada no rosto). Mas engoli saliva, e senti gosto de sangue. Pensei que tinha quebrado o nariz. Depois do jogo, o Lucão me disse: "Tu é muito louco" (os dois já se conheciam da seleção brasileira sub-21).
Abel Braga disse, em entrevista recente, que você seria uma espécie de legado dele para o Inter. Você deve esse bom momento a ele?
O Abel tem, com toda certeza, um papel fundamental nesse momento. Ele me conhece desde os 15 anos, quando teve um surto de hepatite no Inter e eu subi para treinar com o profissional. O meu irmão, Muriel, e o Renan chegaram a pegar hepatite. O Abel sempre demostrou confiança e estava na hora de mostrar para todo mundo que eu era merecedor. Tive um momento bom no ano passado, mas acabei me lesionando e não consegui me firmar. Desci para o sub-23, disputei o Gauchão, Copinha. Por isso também, não senti a falta de ritmo no profissional. Isso tudo foi essencial, porque entrei, num momento muito complicado. Vínhamos de um resultado negativo.
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Você é daqueles críticos, que revê lances depois da partida?
Depois do jogo, já olho os lances no celular. Eu sou muito crítico. Gol que todo mundo acha que não tinha o que fazer, eu olho e acho que, sim, tinha o que fazer.
Tem uma zaga que deixa o goleiro mais protegido?
Não, acho que o sistema defensivo é o time. O time sim, me deixa mais confortável. Quando o time todo marca, é mais fácil. Quando o atacante pressiona, é mais fácil para o meia marcar, quando o meia pressiona, é mais fácil para o volante marcar, quando o volante pressiona, é mais fácil para o zagueiro marcar. Quando o zagueiro pressiona, é mais fácil para o goleiro, né? Isso sim passa mais segurança quando o time todo vai bem defensivamente.
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Quando o Abel disse que você seria titular contra o Fluminense?
Na sexta, treinamos. Agenor e eu não sabíamos de nada. No sábado, sim, treinamos. E o Abel falou com o Marquinhos (Lopes, preparador de goleiros), que eu ia jogar.
E a permanência na vaga, que o Dida também não voltaria?
Também foi véspera de jogo via Marquinhos. Ele conversou primeiro com o Dida, depois comigo.
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Como é ver o Dida, um goleiro que ganhou tudo, na sua reserva?
Olha, eu jogava com o Dida no tempo do Play 1 (risos)! Brigamos pelo mesmo espaço, mas somos muito unidos. Eu não o vejo como meu reserva. Vejo o Dida como um cara do meu lado, me apoiando. Sempre admirei a humildade dele, de nos apoiar. Ele ganhou tudo, e sempre passa a experiência para gente. Tem coisas que perguntamos para ele e a resposta é meio óbvia. Tipo: como é ganhar uma Liga dos Campeões? É sensacional, né, cara?
Teve propostas neste período para deixar o Inter?
Tive chance de empréstimo. Na minha cabeça, sempre pensei em jogar. Respeitava muito o Dida. Se não desse aqui, procuraria outro lugar. Tive proposta, sondagens e conversas com o Inter, que foram recusadas pela confiança do Abel e Marquinhos (preparador de goleiros) no meu trabalho.
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Por que, no ano passado, você teve uma certa instabilidade? Houve um amadurecimento de lá para cá? O que mudou?
Com certeza, hoje eu me sinto pronto para seguir jogando no Inter, que é o meu principal objetivo. O ano passado serviu de aprendizado. Em um ano se passa muita coisa. E tu só te tornas experiente, jogando. Fiz a minha estreia com o Dunga contra o Cruzeiro, em Canoas. Fui bem. O grupo hoje é diferente, passa mais confiança.
Como fica a cabeça de um goleiro que, num ano, joga no profissional e, no outro, volta para a base? Como não se abalar?
Se falar que foi fácil, estarei mentindo. Tudo tem um propósito. Tenho uma fé muito grande. Se eu não tive a sequência e a infelicidade de lesão, não era o momento. Deus sabe das coisas. Se ele me deu esse recomeço, foi para eu aprender mais. Hoje, me sinto mais maduro. Sou muito novo, mas já passei por tudo que eu precisava para estar jogando hoje. Foi um pouco difícil lutar contras os meus pensamentos. Mas sempre mantive a humildade, pessoas excelentes do meu lado. Eu vou dar um passo para trás, para dar dois para frente.
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