
Um gaúcho de Carazinho pretende complicar ainda mais a vida do Inter em 2017: Roberto Cavalo. Nascido Roberto Fernando Schneiger, 53 anos atrás, o atual técnico do Oeste foi rebatizado no começo dos anos 80, quando jogava pelo Atlético-PR e por duas vezes seguidas marcou gols de fora da área furando as redes. Daí, por causa da famosa "patada" ganhou o apelido de Cavalo.
Contratado pelo Oeste no começo do mês, para substituir o ex-meia do Grêmio Vilson Taddei, Roberto Cavalo vai para o seu quinto jogo à frente do clube de Itápolis, que joga em Barueri. No horizonte, além do Estadual e da Copa do Brasil, está o Brasileirão da Série B.
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Apesar da má campanha na Série A2 Paulista (a segunda divisão estadual), o treinador sonha com a vaga à terceira fase da Copa do Brasil – como volante, foi campeão do torneio de 91, pelo Criciúma de Felipão, na final contra o Grêmio de Dino Sani. Para tentar a classificação no Beira-Rio, mandará o time titular a campo, ainda que esteja mais preocupado com o Estadual, onde a sua equipe ocupa a zona de rebaixamento.
Confira a íntegra da entrevista a ZH:
Como vê o Inter neste momento?
Tenho acompanhado o Inter, inclusive, quando estive no Criciúma, onde fiquei um ano e quatro meses. Vejo o Inter, com a queda para a série B, sofrendo muito ainda. É um time que, até pouco tempo, foi campeão do mundo. Tenho o maior respeito, é um dos maiores times do Brasil e passa por uma turbulência, que muitos já passaram. Foi assim como Corinthians, Grêmio, Palmeiras, Botafogo. A gente sabe que time grande quando cai, sente. E hoje ainda paga por isso. Sabemos que o Inter tem grandes jogadores, mas acho que é mais psicológico do que rendimento pessoal. Mas estamos indo, inclusive, para tirar proveito deste momento.
Jogo único, como será na Copa do Brasil, pode ajudar o Oeste?
Vamos de igual para a igual. Inter sempre foi o favorito. É favorito pelo nome, pelo clube, pela torcida. Mas vive um momento de desconfiança, não encaixou. O Zago vem trabalhando, mas sabemos que é muito difícil trabalhar quando um time vem de uma queda para a Série B. Jogadores estão sendo criticados e isso tira a confiança. Para o futebol, tudo é confiança e tranquilidade. A gente sabe que o plantel do Inter é muito bom, mas o momento não é bom.
Essa desconfiança que você referiu há pouco que passa o Inter, ajuda o Oeste a ter vantagem?
Estamos iguais. Conseguimos a classificação contra o Friburguense por 1 a 0 no Rio e tínhamos perdido um jogo fora. E, sob o meu comando, empatamos em casa contra o Batatais, em um jogo difícil. Estamos na mesma pontuação que o Inter, a situação é parecida. Isso se chama instabilidade. Tem que ter confiança, definir os 11 e o grupo. Quando não tem essa definição, passa por turbulência. É o caso do Inter e do Oeste. Mesmo que o Inter jogue no Beira-Rio e com o seu torcedor, vamos jogar com inteligência, marcando forte e ir no contra-ataque, opção que, inclusive, treinamos hoje.
Existe uma marcação especial para o D'Alessandro?
Quando você tem um ponto de desequilíbrio no adversário, precisamos ter uma atenção redobrada. Hoje, temos um esquema tático definido. Mas teremos, no D'Alessandro, um marcação especial. Ele sabe jogar, não vai sentir a pressão do jogo e desequilibra. Temos então que neutralizá-lo, vamos ter uma marcação individual, sim.
Oeste, assim como o Inter, vive uma maratona de jogos. Você pode preservar algum jogador?
Não. Estamos levando todo mundo. Temos 18 jogadores, um plantel reduzido, e em busca de contratações. Temos até dificuldade para os treinos, não vamos poupar ninguém. Temos a dúvida com o Jaílson, que sentiu um desconforto no posterior (da coxa). Se tivesse, teríamos mais jogadores dentro do ônibus do que dentro do campo, porque enfrentamos o Inter, retornamos e já temos o próximo jogo, fora de casa, em uma viagem com mais de oito horas.
A tendência é repetir o time da última partida?
Não vai fugir muito disso, não tenho nem como pensar. Às vezes, o treinador quer mexer, mas não dá. Ou mexe e piora. Tem que reforçar o sistema tático, marcação. Estamos em busca de um jogador de velocidade para puxar os contra-ataques, o que seria muito útil para nós contra o Inter. Mas vamos com o que temos.
Por estar à frente do Oeste em apenas um jogo, nem chegou a mexer muito no time?
Não. Eu mexi no esquema de jogo, na linha de três zagueiros, por exemplo. Se o Jailson tiver condições, vamos ir com três zagueiro. Se não tiver, vamos com dois volantes, dois meias e três atacantes. Mexemos em duas posições, que foi na lateral-esquerda e na zaga, quando tirei um meia e coloquei um zagueiro a mais. E hoje, como eu coloquei antes, não tenho condições de mexer. Como o time que esteve no segundo tempo diante do Batatais jogou bem, vamos assim.
A Copa do Brasil interessa ou é tratada como um segundo plano para vocês?
É a primeira vez que o Oeste participa da Copa do Brasil. Era um sonho da diretoria e tivemos um êxito, que foi passar pelo Friburguense (na primeira fase). E lógico que a gente sempre quer mais. Nós respeitamos o campeonato. Eu fui campeão com o Criciúma, com Luiz Felipe Scolari como treinador, em 1991, contra o Grêmio e essa Copa do Brasil não tinha tanto interesse. Agora, ficou um campeonato de peso. E o Inter, por mais que passe por esse momento, foi campeão do mundo recentemente. Tem que ter respeito pelo clube, pela camisa.
Para encerrar, como surgiu o apelido de Roberto Cavalo?
Eu comecei no Atlético-PR como jogador e, com 19 anos, já jogava no time titular. Fiz dois gols, um no Couto Pereira contra o Coritiba, de fora da área e, na sequência, no Brasileiro com a Ponte Preta, em Curitiba. E o treinador disse que eu corria e chutava que nem um cavalo, já que tinha furado a rede nas duas.
Antes era só Roberto então?
Era só Roberto e não ia para lugar nenhum. O Roberto Cavalo jogou bastante... (risos)
* ZHESPORTES